São Paulo, sexta-feira, 18 de junho de 2004

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JUSTIÇA

Após confusão em escola, adolescentes estavam em prisões lotadas desde o dia 9

Juiz solta jovens presos após briga

CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

A Justiça de Jarinu (71 km de São Paulo) determinou ontem que os oito adolescentes com idade entre 16 e 17 anos detidos por se envolverem em briga em uma escola estadual da cidade fossem soltos. Por falta de unidades de internação na região, os jovens estavam detidos em prisões superlotadas desde o último dia 9.
Seis garotos estavam na cadeia de Jundiaí (60 km de SP) e duas meninas na cadeia feminina de Itupeva (75 km de SP).
O juiz Rogério Correia Dias realizou ontem uma audiência em que ouviu os depoimentos dos adolescentes e de seus pais. Dias disse não poder comentar o caso com o processo em andamento.
De acordo com Domingos Gerage, um dos advogados das famílias, diante das declarações dos adolescentes e de seus pais, o juiz não teria encontrado mais motivos para deixá-los detidos.
"Ele [juiz] teve contato com os pais e com os adolescentes e sentiu que deveria conceder a soltura. Para a surpresa dele, nada do que foi dito anteriormente sobre a conduta dos adolescentes foi confirmado pelos pais", disse Gerage.
"Perguntaram-me se eu já havia sido chamada na escola para receber reclamações sobre meu filho. Isso nunca aconteceu. Nunca recebi reclamação", disse Clara (nome fictício), mãe de um dos jovens que ficaram detidos.
O confronto que culminou na detenção dos garotos aconteceu no dia 7 deste mês, na escola estadual Jerônimo de Camargo, na região central da cidade.
De acordo com relatos da diretoria, a briga começou no pátio de entrada da unidade, por volta das 18h45, pouco antes do horário das aulas do período noturno.
Colegas dos garotos detidos afirmaram que cerca de 20 pessoas, entre os adolescentes e alguns adultos do curso supletivo, participaram do confronto.
Na cidade, as brigas entre grupos rivais são rotineiras, tanto nas ruas como dentro de escolas, de acordo com a Polícia Militar e o Ministério Público.
Agora em liberdade, os jovens continuarão a responder o processo por ato infracional de rixa (briga, desordem ou motim) e podem receber penas como a prestação de serviços à comunidade, reparação dos danos causados ou até mesmo de internação. Por esta pena eles podem ficar detidos por no mínimo dois meses e no máximo por três anos.
"Quero ficar com meu filho e comer bastante. Vou passar longe de confusão", afirmou Joana (nome fictício), uma das adolescentes detidas. Ontem, ela reencontrou seu filho de um ano.
O promotor Gaspar Pereira da Silva Júnior, que pediu a internação dos adolescentes, também não quis comentar o caso.
O Tribunal de Justiça não comentou a decisão do juiz de mandar os adolescentes para as cadeias. Informou anteontem apenas, via assessoria, que os juízes têm autonomia em suas decisões.


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