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JUSTIÇA
Após confusão em escola, adolescentes estavam em prisões lotadas desde o dia 9
Juiz solta jovens presos após briga
CAROLINA FARIAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
A Justiça de Jarinu (71 km de
São Paulo) determinou ontem
que os oito adolescentes com idade entre 16 e 17 anos detidos por
se envolverem em briga em uma
escola estadual da cidade fossem
soltos. Por falta de unidades de internação na região, os jovens estavam detidos em prisões superlotadas desde o último dia 9.
Seis garotos estavam na cadeia
de Jundiaí (60 km de SP) e duas
meninas na cadeia feminina de
Itupeva (75 km de SP).
O juiz Rogério Correia Dias realizou ontem uma audiência em
que ouviu os depoimentos dos
adolescentes e de seus pais. Dias
disse não poder comentar o caso
com o processo em andamento.
De acordo com Domingos Gerage, um dos advogados das famílias, diante das declarações dos
adolescentes e de seus pais, o juiz
não teria encontrado mais motivos para deixá-los detidos.
"Ele [juiz] teve contato com os
pais e com os adolescentes e sentiu que deveria conceder a soltura.
Para a surpresa dele, nada do que
foi dito anteriormente sobre a
conduta dos adolescentes foi confirmado pelos pais", disse Gerage.
"Perguntaram-me se eu já havia
sido chamada na escola para receber reclamações sobre meu filho.
Isso nunca aconteceu. Nunca recebi reclamação", disse Clara (nome fictício), mãe de um dos jovens que ficaram detidos.
O confronto que culminou na
detenção dos garotos aconteceu
no dia 7 deste mês, na escola estadual Jerônimo de Camargo, na região central da cidade.
De acordo com relatos da diretoria, a briga começou no pátio de
entrada da unidade, por volta das
18h45, pouco antes do horário das
aulas do período noturno.
Colegas dos garotos detidos
afirmaram que cerca de 20 pessoas, entre os adolescentes e alguns adultos do curso supletivo,
participaram do confronto.
Na cidade, as brigas entre grupos rivais são rotineiras, tanto nas
ruas como dentro de escolas, de
acordo com a Polícia Militar e o
Ministério Público.
Agora em liberdade, os jovens
continuarão a responder o processo por ato infracional de rixa
(briga, desordem ou motim) e podem receber penas como a prestação de serviços à comunidade, reparação dos danos causados ou
até mesmo de internação. Por esta
pena eles podem ficar detidos por
no mínimo dois meses e no máximo por três anos.
"Quero ficar com meu filho e
comer bastante. Vou passar longe
de confusão", afirmou Joana (nome fictício), uma das adolescentes
detidas. Ontem, ela reencontrou
seu filho de um ano.
O promotor Gaspar Pereira da
Silva Júnior, que pediu a internação dos adolescentes, também
não quis comentar o caso.
O Tribunal de Justiça não comentou a decisão do juiz de mandar os adolescentes para as cadeias. Informou anteontem apenas, via assessoria, que os juízes
têm autonomia em suas decisões.
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