São Paulo, quinta, 18 de junho de 1998

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VIOLÊNCIA
Quase 40% delas têm relação com o tráfico de drogas; PMs foram suspeitos de crimes em Francisco Morato
Chacinas crescem 156% em 98 na Grande SP

da Reportagem Local

O número de chacinas na Grande São Paulo cresceu 155,5% neste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, quando aconteceram 18 casos.
Em 1998, as matanças já somam 46 casos com 162 mortes, quase os mesmos números registrados durante todo o ano de 97, quando a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo registrou 47 chacinas com 162 pessoas mortas.
Segundo a polícia, a motivação principal desse tipo de crime é a ligação com o tráfico de drogas. Dos casos deste ano, 39,1% se enquadram nesse perfil e das matanças de 1997, são 23,4%.
Permanecem com a motivação desconhecida pela polícia 13 casos (28,2%) deste ano e 16 chacinas do ano passado (34%).
De acordo com a Coordenadoria de Combate às Chacinas, criada em 1995, das mortes em 1998, 80 ocorreram na cidade de São Paulo e 82 nos outros municípios da região metropolitana.
As chacinas na cidade de São Paulo são as que a polícia mais resolve. Neste ano, dos 15 casos considerados solucionados na Grande São Paulo, 11 são da capital.
Isso se reflete também na quantidade de acusados identificados e de presos. Ao todo, a polícia diz ter identificado 26 acusados por matanças ocorridas na cidade de São Paulo neste ano e prendido 15 deles. No ano passado, foram 39 acusados identificados e 17 presos.
Já nos outros municípios da Grande São Paulo, 11 acusados de crimes de 1998 foram identificados e quatro, presos. Em 1997, foram identificados 22 acusados e dez foram presos.

Francisco Morato
Desde 1996, as cidades de Franco da Rocha, Francisco Morato e Caieiras, todas vizinhas da região noroeste da Grande São Paulo, não registravam uma chacina.
De 1994 a 1996, essas cidades ficaram conhecidas não só pelas chacinas, mas também pela forma como as pessoas eram mortas: os corpos tinham, geralmente, cabeça, pés e mãos decepados.
Na época, as investigações sobre os mais de 20 casos de chacinas e de pessoas achadas mortas sem cabeça foram retiradas das delegacias daquelas cidades e passadas ao DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa).
A principal suspeita dos que investigaram os crimes era de que policiais militares do 26º batalhão estivessem envolvidos. "Em alguns deles, foi possível obter provas suficientes para processar os PMs", afirmou o delegado Paulo Roberto Robles, titular da 2ª Delegacia da Divisão de Homicídios.
Em outros casos, a busca de provas continua. Uma equipe da 2ª Delegacia do DHPP cuida desses inquéritos -outra equipe da mesma delegacia apura a chacina de ontem. (MARCELO GODOY)


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