|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Alunos podem perder vaga no mestrado
MARTA AVANCINI
enviada especial a São Carlos
Perder os prazos de inscrição para os cursos de mestrado e especialização é um dos receios de alunos que estão no último ano de
graduação da (UFSCar) Universidade Federal de São Carlos.
A ameaça existe porque, em
consequência da greve dos professores e funcionários das universidades federais, o ano letivo de 98
deverá se estender até 99.
Isso impede que alunos obtenham os certificados de conclusão
de curso -documento necessário
para se inscrever- a tempo de
participar dos concursos.
"Estou pensando em prestar especialização na USP e na Universidade Federal Paulista, mas como
só vou me formar no ano que vem,
vai ser muito difícil dar tempo",
diz Marise Akemi Ishizuka, aluna
do último ano de fisioterapia.
Diante da situação, Marise diz
que tentará procurar um emprego. "Entendo o lado dos professores, mas não é fácil arrumar emprego. A especialização seria um
jeito de estudar e ter uma renda."
A situação de Antonio de Padua
Paes Jr., que se formaria em física
no final deste semestre, é semelhante. "Vou concorrer ao mestrado aqui em São Carlos em agosto. Se passar vou fazer as disciplinas como aluno especial e depois
peço a validação", diz.
Não bastasse o problema para
cursar o mestrado, Paes Jr. se
preocupa em encontrar maneiras
para se manter. "Meu maior problema é imediato, porque pedi
bolsa para a Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de
São Paulo). Se ela for aprovada,
não vou poder receber enquanto a
documentação não for liberada."
Por causa da greve dos funcionários, esse tipo de documentação
não está sendo liberado, assim como o dinheiro das bolsas fornecidas pela própria universidade.
"Estou vivendo com o que ganho
dando aulas particulares. Tenho
uma bolsa de monitoria que não
recebi este mês", conta o aluno,
que diz ter renda mensal de R$ 220
por mês, somando a bolsa e as aulas particulares.
O reitor da UFSCar, José Rubens
Rebelatto, admite que a greve implica danos, alguns inevitáveis.
"Existe risco dos alunos sofrerem
prejuízos. Mas, quando discutirmos a reposição das aulas, tudo
será avaliado. Podemos rever os
prazos de formatura, colação de
grau. Provavelmente, cada curso
terá uma solução própria."
Mesmo alunos da pós-graduação, nível em que as atividades estariam normais, dizem sofrer com
a greve, pois há professores que
estão dando aulas normalmente e
outros não. "Há cursos que estão
mais atrasados que outros. Isso
bagunça tudo. Também angustia
porque atrapalha a elaboração do
projeto", diz Lígia Rodrigues,
aluna do primeiro ano do mestrado em educação.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|