São Paulo, quinta, 18 de junho de 1998

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Alunos podem perder vaga no mestrado

MARTA AVANCINI
enviada especial a São Carlos

Perder os prazos de inscrição para os cursos de mestrado e especialização é um dos receios de alunos que estão no último ano de graduação da (UFSCar) Universidade Federal de São Carlos.
A ameaça existe porque, em consequência da greve dos professores e funcionários das universidades federais, o ano letivo de 98 deverá se estender até 99.
Isso impede que alunos obtenham os certificados de conclusão de curso -documento necessário para se inscrever- a tempo de participar dos concursos.
"Estou pensando em prestar especialização na USP e na Universidade Federal Paulista, mas como só vou me formar no ano que vem, vai ser muito difícil dar tempo", diz Marise Akemi Ishizuka, aluna do último ano de fisioterapia.
Diante da situação, Marise diz que tentará procurar um emprego. "Entendo o lado dos professores, mas não é fácil arrumar emprego. A especialização seria um jeito de estudar e ter uma renda."
A situação de Antonio de Padua Paes Jr., que se formaria em física no final deste semestre, é semelhante. "Vou concorrer ao mestrado aqui em São Carlos em agosto. Se passar vou fazer as disciplinas como aluno especial e depois peço a validação", diz.
Não bastasse o problema para cursar o mestrado, Paes Jr. se preocupa em encontrar maneiras para se manter. "Meu maior problema é imediato, porque pedi bolsa para a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Se ela for aprovada, não vou poder receber enquanto a documentação não for liberada."
Por causa da greve dos funcionários, esse tipo de documentação não está sendo liberado, assim como o dinheiro das bolsas fornecidas pela própria universidade. "Estou vivendo com o que ganho dando aulas particulares. Tenho uma bolsa de monitoria que não recebi este mês", conta o aluno, que diz ter renda mensal de R$ 220 por mês, somando a bolsa e as aulas particulares.
O reitor da UFSCar, José Rubens Rebelatto, admite que a greve implica danos, alguns inevitáveis. "Existe risco dos alunos sofrerem prejuízos. Mas, quando discutirmos a reposição das aulas, tudo será avaliado. Podemos rever os prazos de formatura, colação de grau. Provavelmente, cada curso terá uma solução própria."
Mesmo alunos da pós-graduação, nível em que as atividades estariam normais, dizem sofrer com a greve, pois há professores que estão dando aulas normalmente e outros não. "Há cursos que estão mais atrasados que outros. Isso bagunça tudo. Também angustia porque atrapalha a elaboração do projeto", diz Lígia Rodrigues, aluna do primeiro ano do mestrado em educação.



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