São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO

Busca por especialistas que orientem a gestão de instituições faz crescer o mercado das consultorias de ensino superior

Consultor ajuda a eleger "reitor-empresário"

MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL

ALESSANDRA BALLES
DA REDAÇÃO

Cinqüenta e um candidatos. Esse foi o número de profissionais interessados em conseguir o cargo de reitor da Univale (Universidade Vale do Rio Doce), em um processo de seleção inédito no país, que será feito com a ajuda de uma consultoria educacional. Além da intervenção externa, o processo tem como novidade a abertura das inscrições a profissionais de fora da instituição.
"É um processo nos moldes do que é feito em Harvard, em Stanford e em muitas outras universidades americanas", diz o professor Roberto Leal Lobo e Silva Filho, ex-reitor da USP e dono da Lobo & Associados Consultoria -responsável pela seleção.
"Nós precisamos de uma nova dimensão, inclusive na área administrativa, e buscamos um reitor com mais experiência", diz Almyr Vargas de Paula, presidente da Fundação Percival Farquhar, mantenedora da Univale.
A busca por especialistas para resolver problemas das instituições é uma tendência que faz crescer um mercado que, no início, era quase amador: o das consultorias de ensino superior. Há cerca de dez anos, esse trabalho era feito, na maioria das vezes, por professores aposentados que usavam a sua experiência para orientar na parte acadêmica das instituições.
Em 1996, com a criação do Provão e os conceitos atribuídos aos cursos, esse mercado começou a se profissionalizar. "Com o Provão e os problemas de avaliação, as instituições passaram a buscar suporte para se adequar aos parâmetros de qualidade exigidos pelo Ministério da Educação. Hoje, no entanto, tão ou mais importante que isso, é a consultoria de gestão. A competitividade aumentou muito", afirma Carlos Monteiro, dono da CM Consultoria e ex-pró-reitor acadêmico da Universidade de Marília.
De olho nesse mercado -o ensino superior movimenta cerca de R$ 15 bilhões por ano-, ex-reitores e até um ex-ministro da Educação aproveitam a sua experiência para orientar administradores das instituições em assuntos que vão desde a criação de um curso ou de uma faculdade até o cumprimento da legislação e a melhor administração de recursos.
Também para enfrentar a concorrência e resolver problemas como inadimplência e vagas ociosas, há instituições que chegam a investir até 6% do faturamento nos serviços de consultoria.
"O setor não estava acostumado a ter competição, era quase um oligopólio. As instituições estão vivendo hoje um mundo desconhecido para elas", diz Paulo Renato Souza, ex-ministro da Educação, ex-reitor da Unicamp e dono da Paulo Renato Souza Consultoria. "As novas instituições já nasceram nesse ambiente competitivo e estão mais preparadas, mas as antigas precisam muito de um reposicionamento no setor", afirma o ex-ministro.
A Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tem 130 anos, é uma das instituições tradicionais que procuraram uma consultoria para se adequar a esse novo mercado. "A idéia é tornar mais profissional a administração da instituição. Fizemos com a Paulo Renato Souza Consultoria um planejamento estratégico para os próximos dez anos", diz o reitor Manassés Claudino Fonteles.


Texto Anterior: Rio: Incêndio em casa mata três crianças
Próximo Texto: Frases
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.