São Paulo, domingo, 18 de julho de 2004

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Azulejos são atrativo em necrotério

DO "AGORA"

"A gente acha bom ficar aqui porque tem azulejos nas paredes. Pelo que dizem, aqui era o necrotério, mas eu não ligo", disse um dos moradores que trabalham nas obras do Carandiru e que deve se transformar num espaço de lazer e cultura. O pedreiro pediu para não ser identificado.
Também não permitiu que a reportagem fotografasse o local. A parede da cela 5.236-E ostenta o desenho de um duende em cima de um pé de maconha, com as escrituras "Lado Leste - Favela Primavera". O morador daquele espaço, no entanto, vivia antes em Francisco Morato (Grande SP). Não conhece o Jardim Primavera nem se atreve a pôr um cigarro de maconha na boca.
O servente de pedreiro Geraldo da Silva, 39, só está ali porque, se tivesse de ir e voltar para casa, gastaria boa parte do salário (R$ 350). "Moro longe e preciso pegar trem e ônibus. Gastaria uns R$ 150. Sobraria muito pouco para sustentar minha mulher e meus quatro filhos", disse o paraibano.
Distância maior enfrentaria seu colega de cela. Ronicleuson Fernando, 21, mora em Suzano (Grande SP). "Sobraria uma miséria. É preferível morar aqui, embora não seja um lugar muito agradável." (GBJr)


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