JULIO ABRAMCZYK
Mais do que discípulos -e foram muitos- o professor Walter Leser, morto na última quinta-feira por insuficiência respiratória, aos 94 anos, teve idéias e atitudes que resultaram em extraordinário benefício para a saúde da população brasileira.
Ao assumir a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, em 1967, reorganizou e racionalizou seus serviços. Dois anos depois, promoveu a reforma administrativa do órgão, criando o Instituto de Saúde para estimular iniciativas e novas idéias, além de analisar o desempenho dos programas de Saúde Pública.
Quando a varíola foi erradicada no Estado, sob sua orientação, grupos especializados em educação em saúde dirigiam-se às áreas afetadas para aplicação da vacina anti-variólica. Depois de preleções com a população local, a colaboração era total. Ao assumir ao mesmo cargo pela segunda vez, promoveu a vacinação de 10 milhões de crianças e jovens contra a meningite, em uma semana.
No ensino e na pesquisa, Leser é exemplo. Na Escola Paulista de Medicina transformou a disciplina de higiene, de seis meses, no Departamento de Medicina Preventiva, com atividades do primeiro ao quinto ano, exemplo seguido por outras escolas.
Até a véspera de sua morte permanecia como sempre lúcido, declamando Camões e raciocinando como sempre: de forma lógica.