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FALSIFICAÇÃO
Hospital nega ter distribuído lote 351 e diz que trocou a pedido de distribuidora; fabricante desmente ligação
HC troca Androcur falsos em São Paulo
CARLA CONTE
da Reportagem Local
O Hospital das
Clínicas de São
Paulo trocou
cerca de 40 caixas do medicamento Androcur (para câncer
de próstata) falso desde janeiro deste ano.
A existência de Androcur falso
na cidade de São Paulo surpreendeu a Vigilância Sanitária do Estado, já que até agora só havia sido
divulgada a descoberta de remédios do lote 351 (que não contém
princípio ativo) em Ribeirão Preto, onde foi feita apreensão.
O diretor técnico da divisão farmacêutica do HC, Victor Hugo
Travassos da Rosa, afirma, porém, que o hospital nunca comprou ou distribuiu o lote.
Segundo Rosa, o hospital trocou
o remédio falso por Androcur autêntico para dez pacientes. Ele não
soube dizer ontem a procedência
dos produtos falsos trocados.
Vítima
A afirmação do diretor do HC
contradiz a do industrial Idelfonso Motta Junior, 49, cujo pai,
morto em junho, foi um dos que
fez a troca. Segundo o industrial,
seu pai, o metalúrgico Idelfonso
Motta, retirou as três caixas do lote 351 no próprio hospital.
"Ele era paciente do HC havia
cinco anos, sempre pegava medicamento lá", declara Motta.
Segundo o industrial, a família
percebeu que estava com remédio
falso em abril, quando as notícias
sobre casos de falsificação começaram a ser divulgadas. Em seguida, fez a troca no HC.
"Não sei se meu pai chegou a
tomar algum comprimido falso. Já
havíamos jogado fora as caixas já
usadas. Não sabemos se eram do
lote falso."
Distribuidora
Segundo Rosa, embora não tenha distribuído o lote 351, o HC
resolveu fazer a troca a pedido da
distribuidora Represental. Um representante da distribuidora procurou o hospital afirmando que
estava recolhendo o produto falso
em nome do fabricante, o laboratório Schering do Brasil.
A Represental, diz o HC, se comprometeu a repor cada unidade de
Androcur que o HC entregasse a
cada paciente com remédio falso.
O laboratório nega ter orientado
distribuidores para recolher o remédio e diz que não recebeu nada
da Represental. A Schering afirma
ainda que há mais de um ano não
trabalha com essa empresa.
A Folha tentou localizar a direção da Represental, mas nenhum
dos diretores foi encontrado.
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