São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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RJ analisa nova amostra de Citoneurin

JUDITH MORAES
free-lance para a Folha

ISABEL CLEMENTE
da Sucursal do Rio

Novas amostras de lotes diversos do remédio Citoneurin 5000, do laboratório Merck, foram entregues à Vigilância Sanitária do Rio ontem para a realização de perícia. O lote 97045 do medicamento teve a venda proibida por falsificação.
O Instituto de Criminalística Carlos Éboli vai verificar, na segunda-feira, se há mais fraudes.
O remédio, usado para o tratamento de nevralgias e dores reumáticas, tinha menos de 10% das vitaminas do original em sua versão falsa, descoberta por um consumidor. A diferença perceptível entre o falso e o verdadeiro, no entanto, era muito sutil.
A Merck ainda não informou a Vigilância Sanitária qual é a farmácia onde o consumidor que denunciou a fraude comprou o Citoneurin falsificado.
O gerente do Departamento Médico-Científico do Merck, Júlio Amaral, disse não ter tido contato com o consumidor que encaminhou a primeira denúncia, com base em suspeitas próprias.
Segundo Amaral, esse consumidor entregou o material a um funcionário da fábrica sem deixar contato.

Demora
O laboratório Merck está sendo acusado pela Secretaria Estadual da Saúde de ter demorado 17 dias para informar os órgãos públicos e a população que havia um lote falsificado.
A empresa justificou o atraso por "falta de experiência" para lidar com esse tipo de situação.
A secretária estadual da Saúde, Rosangela Bello, disse ontem que o laboratório será punido. "Se foi inexperiência ou não, o fato é que houve erro", afirmou Rosangela, garantindo que haverá punição -a ser definida após o término das investigações.
Júlio Amaral informou que o laboratório analisou as cápsulas antes de comunicar à Vigilância. Ele disse que o procedimento é demorado, mas não soube precisar quanto tempo leva para ser feito.
Já foi suspensa a venda dos remédios do lote 97045. A determinação foi da Secretaria Estadual da Saúde, que vai fechar as farmácias que forem flagradas vendendo Citoneurin do lote sob suspeita.
O Merck solicitou, em nota publicada em jornais de grande circulação, que distribuidores, consumidores e farmácias que ainda possuam caixas de Citoneurin do lote falsificado entrem em contato para a troca.
O lote 97045, cujo número foi usado pelos falsificadores, saiu com 14 mil caixas (de 20 drágeas cada).



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