São Paulo, sábado, 18 de julho de 1998

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EDUCAÇÃO
Movimento que quer renúncia do reitor da UFRJ diz ter 6.000 assinaturas incluindo a de 3 candidatos ao governo do Rio
Reitor não pode continuar, dizem diretores

da Sucursal do Rio

Decanos de cinco dos seis centros de ensino da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) disseram ontem no Rio que o novo reitor da universidade, José Henrique Vilhena, não tem condições políticas de ficar no cargo.
"Ele até pode não renunciar, mas não conseguirá governar. Está claro que a comunidade universitária não o apóia. Não entendemos a obstinação dele em insistir em ser reitor", disse Carlos Lessa, decano (diretor geral) do CCJE (Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas).
Apesar de o nome de Vilhena figurar em terceiro lugar na lista tríplice enviada pela universidade ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ele foi nomeado como o novo reitor da UFRJ.
A decisão provocou uma crise na universidade, já que é tradição ser escolhido o candidato mais votado pelo colégio eleitoral -nesta eleição, o professor Aloísio Teixeira.
Nomeado há 11 dias, Vilhena ainda não conseguiu trabalhar na reitoria porque o prédio está ocupado por estudantes.
Dos seis decanos da UFRJ, apenas Carlos Alberto Messeder, decano do CFCH (Centro de Filosofia e Ciências Humanas), não aderiu ao movimento que pede a renúncia de Vilhena. Segundo os decanos, das 47 unidades da UFRJ, 39 apóiam o movimento.
Para endossar o pedido de renúncia de Vilhena, os organizadores do movimento têm um documento com 6.000 assinaturas, entre elas a de três candidatos ao governo do Estado do Rio: Anthony Garotinho, do PDT, Lúcia Souto, do PPS, e Cyro Garcia, do PSTU.
Cesar Maia, candidato pelo PFL, também apóia o movimento.
Eles esperam ser convidados pelo ministro da Educação, Paulo Renato Souza, para levar o documento e discutir a solução da crise na universidade.
Anteontem, Vilhena foi recebido pelo ministro e, no encontro, conseguiu a liberação de R$ 4,8 milhões para a UFRJ. "Esse dinheiro não resolve o problema orçamentário da universidade. É um recurso ingênuo parecido com a cesta de alimentos oferecida aos flagelados", disse Lessa.
Vilhena anunciou que pretende usar o dinheiro liberado por Paulo Renato para pagar a conta de luz, atrasada há quase dois anos, e para obras nos hospitais universitários.
A dívida com a Light é de R$ 6 milhões, dos quais serão pagos R$ 2,7 milhões, o suficiente para tirar a UFRJ do Cadastro de Inadimplentes (Cadin) do governo.
"A possibilidade de pagar a conta de luz da universidade, que é uma das mais importantes do país, não pode depender de uma relação de confiança, que parece existir entre o ministro e Vilhena", disse Lessa.
Os decanos informaram que a forma de resistir à nomeação de Vilhena será manter as unidades funcionando, já que cada uma tem sua própria estrutura administrativa. Mas admitem que, "quando seus recursos orçamentários acabarem, haverá uma situação limite, que só poderá ser resolvida pelo ministro da Educação".



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