São Paulo, Domingo, 18 de Julho de 1999
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Emissoras querem reduzir violência

da Reportagem Local

A preocupação em reduzir a proporção de programas violentos durante os horários voltados para o público infantil está ganhando espaço na TV brasileira.
A Globo pretende tirar do ar, a partir de agosto, desenhos que contenham brigas, discussões, abrindo espaço, no período da manhã, para uma programação de cunho mais educativo. "Hoje, existe uma pressão social pela qualidade. Virou até uma questão mercadológica para uma empresa mostrar que tem preocupação social", diz Roberto de Oliveira, diretor de Desenvolvimento de Projetos da Globo.
O principal problema, na opinião de Cristina Barbosa, pesquisadora do Ilanud, não é o fato de os crimes serem mostrados nos desenhos, mas o de eles aparecerem fora de um contexto e sem nenhum tipo de punição. "É preocupante porque a criança fica sem a noção de que existe a punição. Cria um desequilíbrio entre o positivo e o negativo", diz ela.
O equilíbrio é o segredo de uma programação voltada para o público infantil. "Não é fundamental que todo programa tenha uma mensagem positiva. O importante é equilibrar o conjunto. O caráter lúdico é muito importante quando se fala de crianças", diz Beatriz Rosenberg, chefe do Departamento de Programação Infantil da TV Cultura.
Para os programadores, é justamente o caráter lúdico que explica o sucesso dos desenhos clássicos ("Pica-Pau", "Pernalonga", "Tom e Jerry" etc). Na Globo, a "Luluzinha" é a campeã de audiência, e, no SBT, é o "Pica-Pau". "Quando se esperava que o desenho do século 21 seria cheio de ação, vivemos o retorno dos clássicos", diz Oliveira.
O sucesso desse tipo de desenho impulsionou o SBT a torná-los o carro-chefe de sua programação infantil, diz Mauro Lissoni, gerente de programação da emissora.
Além disso, a especificidade da animação garante a ela um potencial educativo. "Ela é um instrumento poderoso para visualizar emoções e personificar pensamentos. Por ser fantasia, ela chega a lugares onde o cinema não vai", diz John Canemaker, coordenador da área de Animação na Universidade de Nova York (EUA). (MAv)


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