São Paulo, domingo, 18 de agosto de 2002

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SAÚDE

Nova técnica de reconstituição dentária usa os corpúsculos para melhorar formação óssea da mandíbula

Plaqueta do sangue ajuda a formar osso

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova técnica de reconstituição dentária utiliza plaquetas do sangue para conseguir a formação óssea da mandíbula de pacientes que perderam seus dentes em acidentes, doenças periodontais, próteses removíveis mal adaptadas, entre outros.
Devido à deficiência óssea do local, geralmente não é possível fixar um implante. O novo método utiliza PRP (Plasma Rico em Plaquetas), que contém uma alta concentração de fatores de crescimento que aceleram e aumentam a formação óssea do local onde o implante será fixado.
A técnica é relativamente simples, feita no próprio consultório dentário, com anestesia local. Durante a cirurgia, dentista e hematologista trabalham juntos.
O sangue do paciente passa por uma centrífuga, em que são separadas as plaquetas, corpúsculos responsáveis pelo processo de coagulação do sangue. As plaquetas são misturadas com pó de osso (do próprio paciente ou biomateriais), formando um gel.
Esse gel é enxertado na mandíbula e servirá de matriz para a formação de um novo osso, originado pela ação das proteínas existentes nas plaquetas.
Segundo os dentistas, são várias as vantagens da técnica, especialmente em relação ao tempo de recuperação do paciente e a improbabilidade de rejeição do enxerto.
Até então, o único caminho para se obter a reconstituição óssea era um enxerto com um pedaço de osso extraído da crista do ilíaco (osso do quadril) ou da costela.
Mas o sucesso dessa cirurgia depende de vários fatores, como a qualidade do tecido doado e a vascularização da área receptora.
O procedimento também exige internação, anestesia geral e pelo menos um ano para a recuperação total do dente. Também pode ocorrer complicações na área doadora do osso.
A dentista Nerly Maria Luciano, especialista em implantologia, afirma que atendeu um paciente que ficou temporariamente manco devido à cirurgia de enxerto com osso do quadril. "É um processo muito traumático", afirma.
Segundo Aida Maria Custódio de Lima, professora-assistente do curso de implante da Fundecto, uma fundação ligada à Faculdade de Odontologia da USP, com o uso do PRP, o tempo de recuperação do paciente foi reduzido pela metade.
Ela afirma que o método não é indicado para diabéticos, por causa da dificuldade de cicatrização, e para pessoas que se submeteram a quimioterapia ou radioterapia, devido à deficiência numérica de plaquetas no sangue.
Segundo o implantologista Nelson Thomaz Lascala Júnior, 43, o PRP substitui totalmente o enxerto ósseo. Em alguns casos, afirma, a necessidade óssea é maior e a única solução é utilizar pedaço de osso de outra parte do corpo.
O método que utiliza PRP ainda é caro. Nos consultórios particulares, cada dente implantado custa, em média, R$ 3.000. Mas o preço pode variar conforme a técnica de coleta do PRP utilizada.
A comerciante Leoni da Silva Almeida, 37, utilizou o PRP em abril de 2001 quando implantou dois dentes localizados na parte superior da boca. Os dentes originais haviam sido extraídos quando ela tinha 13 anos.
Com o tempo, porém, a arcada dentária começou a mudar e, no ano passado, sua dentista a aconselhou a tentar o implante usando o PRP. "Até minha auto-estima melhorou", afirma.


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