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São Paulo, segunda-feira, 18 de agosto de 2003

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Professor da UFRJ defende exame em peixe

DO ENVIADO ESPECIAL A DESCOBERTO

Especialista em mercúrio, o biofísico Olaf Malm, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pós-doutor em medicina ambiental pela Universidade de Odense (Dinamarca), defende a realização imediata dos exames nos peixes retirados dos cursos d'água da região de Descoberto.
Para Malm, que chefia o Laboratório de Radioisótopos da UFRJ, não há motivo para tanto alarme se os peixes não estiverem contaminados pelo mercúrio.
Os peixes foram retirados de dez pontos da região no dia 11 de abril. Segundo a diretora da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de Minas, Cristiana Miranda, não há prazo para a realização dos exames.
"O laboratório não pôde fazer. Temos de procurar outro", disse ela, acrescentando que os peixes estão congelados e sem revelar por que o laboratório da Fundação Ezequiel Dias, do governo mineiro, não conseguiu analisar os pescados.
Olaf Malm visitou Descoberto. Considera o caso inédito no Brasil e, possivelmente, no mundo. Ele citou dois episódios em que o mercúrio aflorou em fábricas desativadas nos EUA e na Alemanha. "Mas não depois de 150 anos. Nos dois casos, surgiram bolsões de mercúrio 30 anos após o fechamento das fábricas."
Também estiveram em Descoberto dois especialistas da USP (Universidade São Paulo): o chefe do Laboratório de Doenças Infecciosas da Escola de Medicina, Carlos Eduardo Corbett, e Jorge Eduardo Sarkis, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
Em parceria com a UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), a USP preparou um projeto para verificar se os moradores estão contaminados. Serão analisados os fios de cabelo e a urina. "O exame no cabelo mostra se há uma contaminação a longo prazo. O exame de urina revela uma exposição mais imediata ao mercúrio", diz Corbett.
Depois que o mercúrio aflorou, a Secretaria de Saúde de Minas visitou 351 moradias. No total, 569 pessoas foram submetidas a questionários e exames clínicos -163 foram selecionadas para a análise da urina. O resultado não indicou contaminação, segundo a secretaria. Corbett quer um novo exame. Segundo o especialista, o realizado pela secretaria verificou se a pessoa portava doença renal (um dos sintomas da contaminação por mercúrio), não a presença do metal no organismo. (ST)


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