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Professor da UFRJ defende exame em peixe
DO ENVIADO ESPECIAL A DESCOBERTO
Especialista em mercúrio,
o biofísico Olaf Malm, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
e pós-doutor em medicina
ambiental pela Universidade
de Odense (Dinamarca), defende a realização imediata
dos exames nos peixes retirados dos cursos d'água da
região de Descoberto.
Para Malm, que chefia o
Laboratório de Radioisótopos da UFRJ, não há motivo
para tanto alarme se os peixes não estiverem contaminados pelo mercúrio.
Os peixes foram retirados
de dez pontos da região no
dia 11 de abril. Segundo a diretora da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde de Minas, Cristiana Miranda, não há prazo para a
realização dos exames.
"O laboratório não pôde
fazer. Temos de procurar
outro", disse ela, acrescentando que os peixes estão
congelados e sem revelar por
que o laboratório da Fundação Ezequiel Dias, do governo mineiro, não conseguiu
analisar os pescados.
Olaf Malm visitou Descoberto. Considera o caso inédito no Brasil e, possivelmente, no mundo. Ele citou
dois episódios em que o
mercúrio aflorou em fábricas desativadas nos EUA e
na Alemanha. "Mas não depois de 150 anos. Nos dois
casos, surgiram bolsões de
mercúrio 30 anos após o fechamento das fábricas."
Também estiveram em
Descoberto dois especialistas da USP (Universidade
São Paulo): o chefe do Laboratório de Doenças Infecciosas da Escola de Medicina,
Carlos Eduardo Corbett, e
Jorge Eduardo Sarkis, do
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares.
Em parceria com a UFJF
(Universidade Federal de
Juiz de Fora), a USP preparou um projeto para verificar se os moradores estão
contaminados. Serão analisados os fios de cabelo e a
urina. "O exame no cabelo
mostra se há uma contaminação a longo prazo. O exame de urina revela uma exposição mais imediata ao
mercúrio", diz Corbett.
Depois que o mercúrio
aflorou, a Secretaria de Saúde de Minas visitou 351 moradias. No total, 569 pessoas
foram submetidas a questionários e exames clínicos
-163 foram selecionadas
para a análise da urina. O resultado não indicou contaminação, segundo a secretaria. Corbett quer um novo
exame. Segundo o especialista, o realizado pela secretaria verificou se a pessoa
portava doença renal (um
dos sintomas da contaminação por mercúrio), não a
presença do metal no organismo.
(ST)
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