São Paulo, quarta-feira, 18 de agosto de 2010

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Para engenheiro, obra antienchente é subdimensionada

Projetos futuros precisam incorporar novo cenário de chuvas, indica estudo técnico

EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO

O rio Tietê transbordou duas vezes no último verão. A cidade, então, travou.
Piscinões, canalizações e a obra de quase R$ 2 bilhões de rebaixamento da calha do rio, entregue em 2006, mostraram ser insuficientes. Elas não deram conta da grande dimensão das chuvas.
O pior. A análise técnica desses dois episódios críticos, apresentada pelo professor Mario Thadeu de Barros, da Poli, mostra que problemas como esse tendem a ser cada vez mais frequentes.
A chuva que provocou a cheia de 8 de dezembro, diz Barros, se analisada isoladamente, pode voltar a ocorrer em menos de 10 anos.
O transbordamento do Tietê em 21 de janeiro ocorreu por causa de outro temporal forte, que pode voltar a cair em menos de três anos, também diz o estudo da USP.
"Chuvas de volumes diferentes, com distribuição no espaço e tempo diferentes, geraram os mesmos impactos", afirma Barros.
Isto prova, segundo o engenheiro, que a metrópole está muito vulnerável. "O sistema de drenagem de São Paulo [circuito de córregos e rios que acabam todos desaguando no Tietê] é muito complexo e isso precisa ser considerado", avalia Barros.
Para ele, essa complexidade mostrada pelas chuvas do final de 2009 e do início de 2010 precisam ser incorporadas as novas obras de engenharia que forem feitas na região metropolitana.
Os temporais da virada do ano ocorreram em meses com muitos dias chuvosos, o que agravou o problema.
Luiz Orsini, do núcleo de recursos hídricos do Instituto de Engenharia, concorda que falta sofisticação aos projetos. "Muitas vezes, por questão de custo, a engenharia por trás de uma obra está sendo muito simplificada".
Com obras fora da dimensão do problema enfrentado pela metrópole, diz Barros, a saída é agir em outro campo também. "É preciso melhorar os sistemas de alerta."
Para o consultor Aluisio Canholi, o sistema anticheias paulista, do qual é autor, está bem dimensionado.
O problema, diz, é que ele está apenas parcialmente implementado na região metropolitana.


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