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Para engenheiro, obra antienchente
é subdimensionada
Projetos futuros precisam incorporar novo cenário de chuvas, indica estudo técnico
EDUARDO GERAQUE
DE SÃO PAULO
O rio Tietê transbordou
duas vezes no último verão.
A cidade, então, travou.
Piscinões, canalizações e a
obra de quase R$ 2 bilhões de
rebaixamento da calha do
rio, entregue em 2006, mostraram ser insuficientes. Elas
não deram conta da grande
dimensão das chuvas.
O pior. A análise técnica
desses dois episódios críticos, apresentada pelo professor Mario Thadeu de Barros,
da Poli, mostra que problemas como esse tendem a ser
cada vez mais frequentes.
A chuva que provocou a
cheia de 8 de dezembro, diz
Barros, se analisada isoladamente, pode voltar a ocorrer
em menos de 10 anos.
O transbordamento do Tietê em 21 de janeiro ocorreu
por causa de outro temporal
forte, que pode voltar a cair
em menos de três anos, também diz o estudo da USP.
"Chuvas de volumes diferentes, com distribuição no
espaço e tempo diferentes,
geraram os mesmos impactos", afirma Barros.
Isto prova, segundo o engenheiro, que a metrópole
está muito vulnerável. "O sistema de drenagem de São
Paulo [circuito de córregos e
rios que acabam todos desaguando no Tietê] é muito
complexo e isso precisa ser
considerado", avalia Barros.
Para ele, essa complexidade mostrada pelas chuvas do
final de 2009 e do início de
2010 precisam ser incorporadas as novas obras de engenharia que forem feitas na região metropolitana.
Os temporais da virada do
ano ocorreram em meses
com muitos dias chuvosos, o
que agravou o problema.
Luiz Orsini, do núcleo de
recursos hídricos do Instituto
de Engenharia, concorda
que falta sofisticação aos
projetos. "Muitas vezes, por
questão de custo, a engenharia por trás de uma obra está
sendo muito simplificada".
Com obras fora da dimensão do problema enfrentado
pela metrópole, diz Barros, a
saída é agir em outro campo
também. "É preciso melhorar
os sistemas de alerta."
Para o consultor Aluisio
Canholi, o sistema anticheias
paulista, do qual é autor, está
bem dimensionado.
O problema, diz, é que ele
está apenas parcialmente implementado na região metropolitana.
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