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PLANO DIRETOR
Prefeitura vai leiloar licenças para construir acima do limite em determinadas regiões; arrecadação financiará obras
SP cria mercado bilionário com novo título
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Plano Diretor, aprovado no
último dia 23 pela Câmara Municipal, possibilita à Prefeitura de
São Paulo arrecadar bilhões de
reais com leilões de um tipo de título público ainda não explorado.
A primeira experiência deverá
ocorrer entre o fim deste ano e o
início do próximo. A previsão inicial de arrecadação é de R$ 1,050
bilhão -o equivalente a 10,5% do
orçamento municipal.
O título chama-se Certificado
de Potencial Adicional de Construção (Cepac). São papéis que
permitem que as construtoras,
em determinadas regiões da cidade, ergam edifícios com altura acima dos limites previstos na Lei de
Zoneamento.
O Plano Diretor prevê que os
Cepac, depois de vendidos pela
prefeitura, sejam comercializados
livremente -ou seja, um investidor poderá comprá-los e, depois,
revendê-los a uma construtora.
Os Cepac poderão ser utilizados
apenas em áreas abrangidas por
operações urbanas. Por este mecanismo, a prefeitura delimita
uma área, depois lança um projeto de requalificação do local e, finalmente, vende os certificados
no mercado. Com o dinheiro arrecadado, as obras são pagas.
Na área predeterminada, as
construtoras ganham o direito de
erguer prédios onde são permitidas somente casas, ou condomínios de escritórios em zonas residenciais. Basta que, para isso, elas
comprem a quantidade de Cepac
relativa à área de seus projetos.
O Plano Diretor prevê a realização de nove operações urbanas na
cidade até 2012. Atualmente, há
quatro delas: Centro, Água Branca, Faria Lima e Água Espraiada
-essa última, em fase inicial.
A Faria Lima foi a única em que
a prefeitura vendeu potencial
construtivo (licença para construir acima dos limites), mas não
houve leilão. A venda estava restrita às construtoras interessadas.
A primeira operação a usar o
Cepac será a Água Espraiada. Segundo Maurício Faria, presidente
da Emurb (Empresa Municipal de
Urbanização), os Cepac serão leiloados em lotes.
Nessa operação, poderão ser
construídos 3,5 milhões de metros quadrados adicionais. Cada
metro será leiloado ao preço mínimo de R$ 300 (previsão de arrecadação: R$ 1,05 bilhão).
Com o dinheiro, a prefeitura
poderá financiar a extensão da
avenida Água Espraiada, que fica
na zona sul, além de urbanizar favelas locais e construir 8.500 moradias populares.
Faria diz que a prefeitura estuda
formas de fazer desses papéis um
investimento confiável e de alta
rentabilidade. "Queremos também dar acesso aos pequenos investidores." Por isso, a Secretaria
das Finanças do município planeja lançar o primeiro lote de Cepac
na Bolsa de Valores de São Paulo.
Segundo Fernando Haddad,
chefe de gabinete da Secretaria
das Finanças, a prefeitura estuda
ainda a possibilidade de usar o
Cepac como moeda, pagando
com ele as empreiteiras que fizerem as obras da operação urbana.
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