São Paulo, quarta-feira, 18 de setembro de 2002

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Imóveis podem ficar mais caros

DA REPORTAGEM LOCAL

A idéia de leiloar e criar um mercado de Cepac poderá encarecer demais o preço final dos imóveis nas regiões de operações urbanas, segundo especialistas. Além disso, fará com que a prefeitura condicione o seu cronograma de obras aos especuladores imobiliários e financeiros.
Para o urbanista Cândido Malta, ex-secretário do Planejamento de São Paulo, o risco maior dos leilões é de os certificados serem arrematados por um pequeno grupo de grandes investidores. "Daí esse pequeno oligopólio jogaria com o preço dos papéis."
Malta considera pouco cobrar R$ 300 o metro quadrado adicional na Água Espraiada. "Na Faria Lima, gira em torno de R$ 800."
Segundo o urbanista e economista João Sette Whitaker Ferreira, professor da USP, a operação urbana nos moldes da Água Espraiada é um "exercício de futurologia" segundo o qual a cidade pode sair perdendo.
"Quem garante que há tantas construtoras e empreendedores interessados em atuar naquela região?", questiona. "Ao lançar os papéis, a prefeitura assume um compromisso com a operação. Se eles virarem um mico e ninguém se interessar, ela terá de investir dinheiro público para tornar o local mais atraente. Assim, ela passa a fazer urbanismo para o mercado, segundo as regras dos papéis, e não baseado na cidade", afirma.
O chefe de gabinete da Secretaria das Finanças, Fernando Haddad, diz que os riscos foram estudados. "A prefeitura comercializará o Cepac na exata medida da necessidade da Operação Urbana. Criamos um cronograma para isso. Fazendo os leilões aos poucos, é possível ter um controle."


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