São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2005

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Escritor também foi perseguido

DA REVISTA DA FOLHA

Nem as dezenas de médicos dos quais Marcos Rey foi amigo nem os colegas da Rede Globo, TV Excelsior e TV Record, onde trabalhou, jamais desconfiaram que seus dedos em formato de garras fosse seqüelas da hanseníase.
Só no ano passado, a biografia "Maldição e Glória - A Vida e o Mundo do Escritor Marcos Rey", de Carlos Maranhão, tornou público o problema.
Morto em 1999, aos 74, o autor de 40 livros, como "Memórias de um Gigolô", e roteirista de dezenas de filmes, séries e novelas, como "O Sítio do Pica-pau Amarelo" e "A Moreninha", contraiu a hanseníase ainda na infância -não se sabe ao certo como, já que não existiam outros casos na família.
Aos 14 anos, Rey já apresentava algumas deformidades nas mãos e nos pés, o que provavelmente levou algum vizinho a denunciá-lo às autoridades sanitárias. Por três anos a família conseguiu escondê-lo dos agentes do DPL.
Mas em outubro de 1941, aos 17, o escritor -cujo nome verdadeiro era Edmundo Donato- foi capturado a laço pelos guardas sanitários do DPL, quando tentava correr de um bilhar na praça Marechal Deodoro, apesar das seqüelas que a doença já produzia em seus pés, deformados pelo mal perfurante plantar. Foi levado amarrado para o Asilo-Colônia Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes.

Disfarce
O pseudônimo que adotou quando começou a escrever também o ajudaria a despistar o DPL nos anos em que passaria escondido no Rio de Janeiro, depois de fugir do Hospital Padre Bento, em Guarulhos, em 1945. Em São Paulo, uma "ordem de captura" contra Rey vigorou até 1967.


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