|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Escritor também foi perseguido
DA REVISTA DA FOLHA
Nem as dezenas de médicos dos
quais Marcos Rey foi amigo nem
os colegas da Rede Globo, TV Excelsior e TV Record, onde trabalhou, jamais desconfiaram que
seus dedos em formato de garras
fosse seqüelas da hanseníase.
Só no ano passado, a biografia
"Maldição e Glória - A Vida e o
Mundo do Escritor Marcos Rey",
de Carlos Maranhão, tornou
público o problema.
Morto em 1999, aos 74, o autor
de 40 livros, como "Memórias de
um Gigolô", e roteirista de dezenas de filmes, séries e novelas, como "O Sítio do Pica-pau Amarelo" e "A Moreninha", contraiu a
hanseníase ainda na infância
-não se sabe ao certo como, já
que não existiam outros casos
na família.
Aos 14 anos, Rey já apresentava
algumas deformidades nas mãos
e nos pés, o que provavelmente levou algum vizinho a denunciá-lo
às autoridades sanitárias. Por três
anos a família conseguiu escondê-lo dos agentes do DPL.
Mas em outubro de 1941, aos 17,
o escritor -cujo nome verdadeiro era Edmundo Donato- foi
capturado a laço pelos guardas sanitários do DPL, quando tentava
correr de um bilhar na praça Marechal Deodoro, apesar das seqüelas que a doença já produzia
em seus pés, deformados pelo mal
perfurante plantar. Foi levado
amarrado para o Asilo-Colônia
Santo Ângelo, em Mogi das Cruzes.
Disfarce
O pseudônimo que adotou
quando começou a escrever também o ajudaria a despistar o DPL
nos anos em que passaria escondido no Rio de Janeiro, depois de
fugir do Hospital Padre Bento, em
Guarulhos, em 1945. Em São Paulo, uma "ordem de captura" contra Rey vigorou até 1967.
Texto Anterior: Da janela para o mundo: Leprosários e doença ainda resistem no país Próximo Texto: Panorâmica - Educação: Suspenso vestibulinho em escolas particulares de SP Índice
|