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Municípios sofrem com falta de profissionais qualificados
DA SUCURSAL DO RIO
A falta de mão-de-obra qualificada para gerir a máquina pública é uma das preocupações
da Associação Brasileira dos
Municípios, que organiza cursos para capacitar gestores a
atuar conforme a legislação e
de forma mais eficiente.
Para o diretor-executivo da
entidade, José Carlos Rassier, o
nível dos cargos de gerência é,
na verdade, reflexo do baixo nível educacional de toda a população: "O gestor público vem
obviamente dessa sociedade
em que a mão-de-obra qualificada é escassa. É por isso que
tomamos a iniciativa de criar
uma escola de gestão pública".
Uma das razões que levou a
ABM a criar esse curso foi a
constatação de que boa parte
das irregularidades cometidas
por municípios não eram fruto
de má-fé, mas de má gestão.
"Analisamos 860 prefeituras
auditadas pela Controladoria
Geral da União e constatamos
boa parte das irregularidades
não estavam relacionadas à
corrupção, mas à falta de qualificação para a gerência", diz.
Segundo ele, um dos agravantes para essa situação é que a legislação ficou muito mais complexa. "Nós achamos extremamente importante essas iniciativas que dão mais transparência e rigor nas compras públicas, mas é preciso preparar os
gestores públicos para lidar
com essa complexidade".
Na terça-feira passada, um
dos gestores a participar de um
curso da ABM era Sylvio Tejada
Xavier, prefeito de Tapes, no
interior do Rio Grande do Sul.
Ele conta que é difícil contratar, em seu município, profissionais com nível superior.
"Felizmente, a administração pública hoje é bastante regulamentada. Mas isso cria
também algumas limitações.
Eu, por exemplo, tenho dificuldade em achar profissionais de
nível superior para trabalhar
com os salários que a Lei de
Responsabilidade Fiscal me
permite oferecer", diz Xavier.
O prefeito relata também
uma dificuldade enfrentada
tanto em muitas cidades pequenas. "Diariamente, saem do
meu município cerca de 250
pessoas para fazer cursos superiores em cidades vizinhas. Só
que elas acabam se formando e
buscando oportunidades de
trabalho em centros maiores",
diz ele.
O mesmo problema é enfrentado pelo prefeito Carlos Pereira, de Tanguá (RJ). Ele conta
que, por isso, resolveu criar
uma escola profissionalizante
para funcionários públicos e
para empregados de empresas
privadas que prestam serviço
para a prefeitura.
"Nossa idéia foi investir na
formação de agentes públicos
que, uma vez capacitados, têm
que repassar o conhecimento
para os colegas. Buscamos um
efeito multiplicador", afirma.
Um desses cursos forma funcionários para aproveitarem
futuras oportunidades em uma
refinaria da Petrobras, que deverá ser construída no município vizinho de Itaboraí.
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