|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Golpe do falso seqüestro ilude pai e filho ao mesmo tempo
Criminosos fizeram um acreditar que o outro era refém e cobraram dois resgates
Família de Osasco pagou R$ 8,2 mil; pai usou economias que seriam usadas para reformar uma casa, enquanto o filho não pagou
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Por 29 horas, o pai acreditou
que o filho era vítima de seqüestro. Já o filho achou que
era o pai quem estava com os
seqüestradores. Por telefone,
criminosos fizeram um pensar
que o outro era o refém e cobraram resgate dos dois.
O golpe de falso seqüestro
custou R$ 8,2 mil a uma família
de baixa renda em Osasco
(Grande SP). O pai, um serralheiro de 55 anos, usou as economias para reforma da casa
para fazer depósitos bancários
e comprar créditos telefônicos
para os criminosos. O filho, um
estudante de 22 anos, não tinha
dinheiro para pagar o resgate.
O golpe começou a ser aplicado às 11h de anteontem. Ao
atender um telefonema do Rio
de Janeiro, provavelmente de
um presídio, o serralheiro foi
surpreendido pelo anúncio do
seqüestro do filho. Na ligação,
um dos criminosos, chorando,
fingia ser o estudante.
A farsa parecia seguir o ritual
de outros golpes de falso seqüestro. Os criminosos, porém,
ordenaram que o pai tirasse o
telefone fixo do gancho, desligasse o celular e se hospedasse
em um hotel, incomunicável.
Só ligaria o celular nas horas
marcadas pelos bandidos.
O filho estranhou ao chegar
em casa e ver o telefone fora do
gancho. Às 4h de ontem, foi o filho que recebeu a ligação, do
mesmo aparelho, dizendo que
o pai tinha sido seqüestrado. O
resgate era de R$ 50 mil.
Quase ao mesmo tempo, por
volta das 7h de ontem, pai e filho receberam novas ligações
dos falsos seqüestradores. O filho disse que não tinha os R$ 50
mil e precisava de mais tempo.
O pai ofereceu R$ 7,7 mil da
poupança da família para depositar em contas bancárias repassadas pelos criminosos -o
serralheiro já tinha repassado
R$ 500 em créditos telefônicos
para os bandidos.
O serralheiro fez dois depósitos e rasgou os comprovantes e
os jogou no esgoto, por orientação dos falsos seqüestradores.
A farsa só começou a ser descoberta quando um amigo da
família viu o pai em uma praça
de Osasco. Ele disse que não
poderia falar porque seu filho
estava seqüestrado. O amigo ligou para a casa do serralheiro e
o filho atendeu. O serralheiro
foi encontrado pelos policiais
às 16h de ontem.
"Os criminosos usam uma
conversa que hipnotiza. O pai
pagou e o filho só não pagou
porque não tinha. O conselho é
que, nessas situações, desliguem o telefone e peçam ajuda", afirmou o delegado Francisco Pereira Lima, supervisor
dos setor de homicídios e anti-seqüestro da Delegacia Seccional de Osasco. A polícia vai investigar a origem das ligações e
as contas bancárias nas quais o
dinheiro foi depositado.
Texto Anterior: Em protesto, ciclistas criam ciclovias clandestinas nas principais vias de SP Próximo Texto: Entrevista: "Eu achei que tinham matado o meu filho" Índice
|