|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Entidade de PMs critica proibição de registrar ocorrências
Em habeas corpus, associação de oficiais classificou como "tresloucado" e "ilegal" o ato do secretário da Segurança
Órgão também protocolou na Assembleia Legislativa uma representação contra Ferreira Pinto por suposto crime de responsabilidade
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Associação dos Oficiais da
Polícia Militar de São Paulo
classificou como "tresloucado"
e "ilegal" o ato do secretário da
Segurança Pública e ex-oficial
da PM, Antonio Ferreira Pinto,
de retirar da corporação a possibilidade de preencher os termos circunstanciados -espécie de boletim de ocorrência.
As expressões estão num habeas corpus preventivo e num
mandado de segurança apresentados à Justiça paulista com
os quais a associação pede a
suspensão dos efeitos da resolução SSP 233, publicada na semana passada, que tirou da PM
a atribuição de elaborar os TCs.
Os TCs são documentos
preenchidos em substituição
aos boletins de ocorrência nos
crimes de menor relevância,
como uma ameaça, e podem
dispensar a apresentação das
partes no distrito policial.
Esses documentos são raramente usados no Estado. Mas a
disputa ocorre porque a retirada dessa atribuição é vista pela
cúpula da PM como um retrocesso no projeto de implantação do "ciclo completo".
Pelo ciclo completo, a PM
apresenta à Justiça alguns tipos de crimes, e a Polícia Civil,
outros. Hoje, só a última polícia
-a judiciária- pode fazer essa
apresentação.
O coronel da reserva da PM
paulista Elias Miler da Silva, diretor e advogado da Feneme
(Federação Nacional das Entidades de Oficiais Militares Estaduais), confirma a preocupação. "A sociedade quer a polícia
de ciclo completo. Só no Brasil
existe esse modelo de duas
meias polícias", afirmou.
Ainda segundo ele, a decisão
do secretário é "um desserviço
à sociedade". "Esse habeas corpus é a voz da oficialidade de
São Paulo. Ela está insatisfeitíssima, está indignada. A polícia
está em situação de alerta."
O habeas corpus foi pedido
para evitar que haja prisões no
caso de eventual desobediência
à nova regra da secretaria.
Além da Justiça, Silva disse
que a entidade protocolou na
Assembleia Legislativa uma representação contra o secretário
por crime de responsabilidade.
"O secretário está tirando o policial da rua", disse o coronel.
O porta-voz da Secretaria da
Segurança Pública, Enio Lucciola, afirmou ontem que Ferreira Pinto não comentaria o
assunto "porque suas decisões
já foram tomadas".
O presidente da Associação
dos Delegados, Sergio Roque,
afirmou que a resolução questionada pela PM apenas segue o
que diz a Constituição. "Eles
[oficiais da PM] sempre querem tomar o nosso espaço."
No final do mês passado, o
secretário também deixou descontentes os policiais civis ao
dizer, em discurso, que a Polícia Civil estava em situação de
"absoluta inépcia e letargia".
O comando da PM informou,
por meio de nota, que obedecerá às ordens do secretário. "A
Polícia Militar esclarece que é
uma instituição legalista norteada pelos princípios da hierarquia e disciplina, portanto,
as orientações do secretário da
Segurança Pública serão cumpridas na sua totalidade."
Texto Anterior: Aviação: Air France abre auditoria externa sobre segurança Próximo Texto: Frase Índice
|