São Paulo, domingo, 18 de setembro de 2011

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Autonomia pode ser prejudicada, afirma especialista

Para educadora, objetivo dos pais em viagens de intercâmbio em companhia dos filhos não deve ser o de vigiar as crianças

Escolas estrangeiras oferecem aulas para alunos a partir dos 8 anos; educadora vê prática com reservas


DE SÃO PAULO

Na avaliação de educadores ouvidos pela Folha, viajar para o exterior para aprender uma nova língua com pouca idade pode ser uma boa experiência.
De acordo com a coordenadora do GEEB (Grupo de Estudos sobre Educação Bilíngue) da PUC-São Paulo, Fernanda Liberali, o intercâmbio o intercâmbio para crianças pode ser uma boa oportunidade de aprendizado. "Quanto mais cedo a criança aprende uma outra língua, melhor para o aprendizado", afirma.
Mas a presença dos pais, de acordo com ela, pode prejudicar o aprendizado de autonomia que se busca ao mandar um filho para uma vivência no exterior, diz.
"Não há necessidade de ninguém viajar para fora do país para aprender a falar inglês. Mas a experiência de intercâmbio possibilita esse aprendizado da autonomia. Hoje a criança de classe média é muito protegida."
Para Ana Bock, professora de psicologia social e da educação da mesma universidade, a ida dos pais no intercâmbio pode ser positiva, desde que o objetivo deles não seja, exclusivamente, o de tomar conta do que os filhos irão fazer na viagem.
"Não adianta ir com a criança, mas não deixá-la sair das vistas porque o pai não tem segurança. É melhor nem deixar a criança viajar", afirma a professora.
"Mas a experiência [do intercâmbio em família] é positiva porque pode durar por muito tempo, pois foi partilhada. Os pais podem sempre trazer aquela experiência de volta, ao relembrá-la depois com os filhos. Tudo depende em quais condições a viagem está sendo feita", completa.

ANSIEDADE
O intercâmbio voltado para crianças, no entanto, não é uma unanimidade entre os educadores.
Roseli Fischmann, da Faculdade de Educação da USP e da Universidade Metodista, por exemplo, vê viagens de crianças tão pequenas para estudos no exterior com restrições. "Isso é mais ansiedade dos pais", diz.
"A criança tem que ter um tempo solto, de lazer [nas férias]. Ou se criará uma criança que crescerá com a sensação de que, se parar, é como se ela fosse inútil", afirma.
Em algumas escolas do exterior, as aulas para crianças são oferecidas a partir dos oito anos. Além das aulas, a maior parte delas oferece atividades como visitas a museus, zoológicos e parques, e a prática de esportes. (TB)



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