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PERIGO NO AR
Tiro em avião da Varig só atingiu poltrona
Piloto diz que vôo 280 poderia ter explodido
ROGERIO SCHLEGEL
da Reportagem Local
O tiro acidental disparado no
vôo 280 da Varig, na sexta-feira
passada, poderia ter provocado
uma explosão, matado o passageiro da poltrona da frente ou aberto
um rombo por onde passageiros
seriam sugados, segundo relatório
interno do comandante Josias
Aparecido dos Santos, que pilotava o Boeing 737, obtido pela Folha.
O vôo 280 partiu de Brasília com
destino a Belo Horizonte e Salvador. Quando se aproximava do aeroporto de Confins, na capital mineira, a 18 mil pés de altitude, a
equipe de bordo ouviu um estrondo e sentiu cheiro de pólvora.
Constatou-se depois que o coronel da reserva do Exército Wilson
Pinto de Oliveira, 62, havia embarcado com uma pistola semi-automática Beretta e havia deixado a
arma disparar acidentalmente.
A bala se alojou na estrutura da
poltrona à frente de onde estava
sentado o coronel, a 11K. Segundo
o comandante Josias, a tripulação
não foi informada que o militar
portava arma a bordo.
Em seu relatório, dirigido ao
chefe do equipamento da Varig, o
comandante afirma que se o tiro
fosse para o lado ou para cima, "o
pequeno orifício que causaria de
imediato em poucos minutos poderia alcançar proporções inimagináveis, podendo sugar para fora
bancos e até mesmo passageiros".
O texto também sustenta que,
caso o tiro tivesse sido dirigido para baixo, poderia ter atingido o
tanque de combustível, "causando fogo ou até mesmo uma explosão". Acrescenta ainda que o passageiro da poltrona 11K "foi salvo" pela estrutura de alumínio do
banco, onde se alojou a bala.
No relatório, o comandante Josias diz que o episódio mostra a
necessidade de proibir definitivamente armas em aviões.
Na realidade, o artigo 19 do decreto 2.222, editado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso no
início de maio, já proíbe o porte de
armas a bordo. Ele veta armas para
todo passageiro, só que prevê exceções que não diz quais são. Resultado: não teve ainda nenhum
efeito prático nos vôos brasileiros.
Segundo o Sindicato Nacional
dos Aeronautas, uma comissão
conjunta da Aeronáutica e do Ministério da Justiça ficou encarregada de estudar o assunto desde a
edição do decreto.
Por disposição anterior da Aeronáutica, policiais federais e oficiais
das Forças Armadas em serviço
podiam portar arma a bordo.
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