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Se rapaz atirou, polícia agiu certo ao invadir local
DA REPORTAGEM LOCAL
Com base em informações
divulgadas pela polícia, de
que a invasão ao apartamento foi feita depois de um disparo ter sido efetuado, especialistas consideraram correto o procedimento e que
era a alternativa a se lançar
mão no momento. Porém
criticaram as medidas adotadas no desenrolar do caso.
Hugo Tisaka, diretor-executivo da NSA Brasil, empresa de consultoria internacional de segurança, afirmou
que, pelas informações que
obteve pela imprensa, "não
tinha mais o que fazer, e a decisão foi abreviada pelo tiro".
Para ele, o que prova que a
invasão foi motivada por alguma ação do criminoso foi o
fato de a escada usada para
invadir o local não estar na
altura da janela.
"Eles estavam de prontidão. Acredito que entrariam
nessa noite, aproveitando alguma distração. Mas a operação não estava engatilhada,
pois a mudança de altura na
escada provocou uma pequena falta de sincronia. No geral, o procedimento foi correto, com um planejamento
levando em conta as entradas possíveis. Usaram arma
não-letal, pelo que ouvi."
Ele diz que uma operação
com refém começa a se tornar muito tensa após 48 horas, mas que se o cárcere durou quatro dias foi porque o
objetivo foi evitar colocar em
risco a vida dos reféns.
Um policial civil, especialista em negociação, diz que
está certo invadir imediatamente após ouvir o tiro. Mas
diz que é "completamente
errada a estratégia de mandar um refém voltar para o
cativeiro, o que "não existe
em nenhuma doutrina" e
põe em risco a vida do refém.
O especialista também
questionou o envio de comida para o criminoso, o que levou a um prolongamento da
ação. A presença de um psicólogo poderia ser importante para orientar o negociador, em razão de o crime ter motivação passional, diz.
Jeffrey Slotnick, proprietário da Setracom Inc -empresa de treinamentos de segurança nos EUA- disse à
Folha por telefone que a invasão também ocorreu no
momento correto. "Um tiro é
determinante na decisão. Isso faz parte do procedimento
normal das polícias que cuidam desse tipo de caso."
Informado sobre alguns
procedimentos adotados em
Santo André, ele disse que
não é errado prolongar uma
negociação quando uma invasão pode aumentar muito
o risco da operação. Contudo, segundo ele, há diferentes estratégias, como, o uso
de um atirador de elite.
(MÁRCIO PINHO e LUIS KAWAGUTI)
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