São Paulo, sábado, 18 de outubro de 2008

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Se rapaz atirou, polícia agiu certo ao invadir local

DA REPORTAGEM LOCAL

Com base em informações divulgadas pela polícia, de que a invasão ao apartamento foi feita depois de um disparo ter sido efetuado, especialistas consideraram correto o procedimento e que era a alternativa a se lançar mão no momento. Porém criticaram as medidas adotadas no desenrolar do caso.
Hugo Tisaka, diretor-executivo da NSA Brasil, empresa de consultoria internacional de segurança, afirmou que, pelas informações que obteve pela imprensa, "não tinha mais o que fazer, e a decisão foi abreviada pelo tiro".
Para ele, o que prova que a invasão foi motivada por alguma ação do criminoso foi o fato de a escada usada para invadir o local não estar na altura da janela.
"Eles estavam de prontidão. Acredito que entrariam nessa noite, aproveitando alguma distração. Mas a operação não estava engatilhada, pois a mudança de altura na escada provocou uma pequena falta de sincronia. No geral, o procedimento foi correto, com um planejamento levando em conta as entradas possíveis. Usaram arma não-letal, pelo que ouvi."
Ele diz que uma operação com refém começa a se tornar muito tensa após 48 horas, mas que se o cárcere durou quatro dias foi porque o objetivo foi evitar colocar em risco a vida dos reféns.
Um policial civil, especialista em negociação, diz que está certo invadir imediatamente após ouvir o tiro. Mas diz que é "completamente errada a estratégia de mandar um refém voltar para o cativeiro, o que "não existe em nenhuma doutrina" e põe em risco a vida do refém.
O especialista também questionou o envio de comida para o criminoso, o que levou a um prolongamento da ação. A presença de um psicólogo poderia ser importante para orientar o negociador, em razão de o crime ter motivação passional, diz.
Jeffrey Slotnick, proprietário da Setracom Inc -empresa de treinamentos de segurança nos EUA- disse à Folha por telefone que a invasão também ocorreu no momento correto. "Um tiro é determinante na decisão. Isso faz parte do procedimento normal das polícias que cuidam desse tipo de caso."
Informado sobre alguns procedimentos adotados em Santo André, ele disse que não é errado prolongar uma negociação quando uma invasão pode aumentar muito o risco da operação. Contudo, segundo ele, há diferentes estratégias, como, o uso de um atirador de elite. (MÁRCIO PINHO e LUIS KAWAGUTI)


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