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Unilever leva multa de R$ 10 mi por mau cheiro em Goiânia
Odor causado por fábrica de alimentos se espalhou por 25 bairros, afetando 100 mil pessoas, segundo a prefeitura
Agência ambiental diz que empresa negligenciou tratamento de resíduos; multinacional nega que tenha provocado problema
FELIPE BÄCHTOLD
DA AGÊNCIA FOLHA
A multinacional Unilever recebeu multa de R$ 10 milhões e
teve a interdição de uma fábrica pedida pelo Ministério Público após ser acusada de provocar uma onda de mau cheiro
que se espalhou por 25 bairros
de Goiânia. A empresa, dona de
uma unidade de produção de
alimentos na cidade, nega que
tenha causado o problema.
Segundo a prefeitura, falhas
operacionais na unidade, a
maior do mundo da Unilever na
área de alimentos, provocaram
o lançamento no ar de odores
semelhantes aos de esgoto e de
enxofre. A administração municipal estima que 100 mil pessoas tenham sido afetadas.
O auge da onda de mau cheiro ocorreu no começo do mês
passado, mas ainda persiste nas
proximidades da unidade, segundo a Agência Municipal de
Meio Ambiente.
A empresa não pagou a multa, que foi aplicada pela prefeitura. Por meio de liminar (decisão provisória), conseguiu o direito de nova perícia por técnicos designados pela Justiça.
A agência ambiental afirma
que a empresa operou acima da
capacidade de produção e negligenciou o sistema de tratamento de resíduos. Também
acusa a indústria de emitir gases tóxicos em quantidade superior ao permitido por lei.
A prefeitura diz que chegou a
receber 500 reclamações por
dia sobre o problema. A agência
ambiental afirma que moradores diziam ter a impressão de
que dormiam "ao lado de uma
vala de esgoto". A unidade da
empresa fica em uma região
próxima ao centro da cidade.
A situação se agravou devido
ao fenômeno da inversão térmica, que dificulta a dispersão
de poluentes na atmosfera durante o inverno.
A Polícia Civil do Estado
abriu inquérito para identificar
a responsabilidade dos danos
ao ambiente. O Ministério Público de Goiás também deve entrar com ação civil pública pedindo que a empresa indenize o
município pelos prejuízos provocados.
A prefeitura diz que quem
autorizou o funcionamento da
fábrica foi o governo de Goiás.
A Secretaria Estadual do Meio
Ambiente afirma que o licenciamento na época da instalação da unidade foi correto e que
vai participar dos novos exames determinados pela Justiça.
A perícia na fábrica deve ser feita na segunda-feira.
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