São Paulo, domingo, 18 de outubro de 2009

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Criminoso jogou álcool em ônibus antes de todos descerem

Escola também pegou fogo, mas ninguém ficou ferido

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Cerca de duas horas após o helicóptero da PM pegar fogo no ar, uma nuvem de fumaça densa e negra foi avistada do campo de futebol aonde a aeronave fez o pouso forçado.
Era o resultado de outro incêndio, desta vez em três ônibus que passavam pela avenida Dom Helder Câmara, uma das mais movimentadas da zona norte do Rio, a 10 km do local.
Nas vias entre os dois pontos, tomadas pela fumaça, motoristas impressionados com a dimensão das chamas saltaram dos seus carros. Já os condutores dos ônibus incendiados relataram terem sido obrigados por criminosos a deixar os veículos, lotados de passageiros.
"Chegaram com armas falando: "desce, desce todo mundo", e foram jogando álcool antes de as pessoas descerem", contou o motorista Severino Monteiro. "Depois me obrigaram a entrar em um carro e cruzar a pista para fechar o trânsito".
A secretaria e a empresa Rio Ônibus (Empresa de Ônibus da cidade do Rio) disseram que no total houve oito ônibus queimados. Além dos três da avenida Dom Helder, houve dois ataques próximos da favela do Jacaré (zona norte) e mais três em ruas não informadas. A empresa diz que os prejuízos somam R$ 2,5 milhões e que não havia seguro.
O secretário de Segurança José Mariano Beltrame atribuiu os incêndios a uma tentativa de "desmobilizar os efetivos policiais que estão espalhados pela cidade".
O motorista Fábio Nascimento, que conduzia um ônibus com cerca de 40 passageiros, afirmou que um dos bandidos apontou um fuzil para sua cabeça até que o veículo pegasse fogo. "Foi desesperador, as pessoas ficaram apavoradas."
Moradores do morro de São João relataram momentos de pânico durante a troca de tiros na madrugada. "Foi muito tiro. Aqui sempre teve essa disputa [entre o morro dos Macacos e o morro de São João], mas acho que nunca foi assim", disse a vendedora Heloísa Peixoto, 52.
A dona de casa Regina Monteiro Costa, disse que os policiais se negaram a subir o morro. "Nós pedimos, mas eles ficaram parados. Disseram que a ordem era de não subir". Um dos PMs contou que chegou à favela às 3h30 mas só teve permissão para entrar às 7h30.
O secretário Beltrame argumentou que a interferência dos policiais no conflito à noite traria insegurança aos moradores. "Quando é noite a polícia não entra. Temos responsabilidade. A polícia não vai entrar de maneira açodada, sem o devido planejamento. Quem não tem compromisso com a sociedade é o vagabundo, o marginal."
A escola municipal Jornalista Assis Chateaubriand, próxima ao morro dos Macacos, também pegou fogo. A origem das chamas, que atingiram duas salas de aula, foram tiros que atingiram a fiação elétrica por volta das 13h, segundo a Secretaria de Educação. A secretaria diz que não houve feridos.
(LUISA BELCHIOR)


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