CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio

O governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), lançou ontem um projeto de reurbanização da favela do morro Dona Marta (Botafogo, zona sul), uma das mais famosas da capital do Estado. O projeto é transformar a favela em um conjunto de prédios com 1.500 apartamentos para os moradores atuais.
A favela, uma das mais íngremes do Rio, ganhou notoriedade internacional em 1996, quando o cantor norte-americano Michael Jackson gravou lá um clipe dirigido pelo cineasta Spike Lee.
Pelo novo projeto, o morro seria ocupado por prédios de nove andares, a serem erguidos em dois anos na área hoje ocupada por barracos. Seriam feitas instalações provisórias para os moradores, enquanto seus apartamentos estivessem sendo construídos.
O governo do Rio quer que a CEF (Caixa Econômica Federal) financie o projeto, avaliado em R$ 37 milhões. Ontem, durante assinatura de outro convênio com a CEF, Garotinho cobrou de surpresa do presidente da Caixa, Emílio Carrazai, uma definição sobre o projeto do Dona Marta.
Carrazai disse que a CEF tem interesse em financiar o projeto e dispõe de dinheiro para isso. Afirmou que está apenas buscando uma solução para enquadrar o empréstimo dentro de uma das suas linhas de financiamento.
Uma das saídas, segundo ele, seria enquadrar o projeto na linha de financiamento denominada PAR (Programa de Arrendamento Residencial), na qual os moradores pagariam por suas habitações como se estivessem pagando uma espécie de aluguel.
Garotinho disse que a idéia de reurbanizar o Dona Marta surgiu da impossibilidade de fazer obras de melhoria das condições de vida na favela, como instalação de rede completa de esgoto sanitário e implantação de uma coleta regular de lixo, por causa das dificuldades geográficas do morro.
A dificuldade do governo estadual de implantar um programa de "ocupação social", com instalações permanentes de saúde pública, segurança e lazer também é atribuída à mesma razão.
O morro Dona Marta é um conhecido pontos de tráfico do Rio, controlado atualmente por um líder conhecido como Marcinho VP, foragido da Justiça. São comuns tiroteios entre traficantes ou entre traficantes e policiais.
A Prefeitura do Rio também tem um projeto de reurbanização do morro, que prevê a demolição dos barracos da parte mais íngreme e o reflorestamento da área. O projeto não foi implantado por resistência dos moradores.


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