São Paulo, Quinta-feira, 18 de Novembro de 1999
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SAÚDE
Ampicilina, medicamento que combate infecções bacterianas, estava sendo usada no Espírito Santo
Vigilância apreende antibiótico falso

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

A ANVS (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) determinou ontem a proibição de venda e o confisco de todos os medicamentos fabricados pelo Laboratório Farmacêutico Bemen. A interdição vale para todo o território nacional.
A decisão foi tomada a partir de denúncia recebida pela Vigilância Sanitária do Espírito Santo de que o lote 011 da ampicilina em cápsulas de 500 mg não tinha eficácia terapêutica.
A ampicilina é um antibiótico usado para tratar alguns tipos de infecção bacteriana.
A ANVS decidiu interditar toda a linha de produtos do laboratório porque ele não tinha a autorização necessária para fabricar remédios que é dada pela agência.
A denúncia sobre a falta de eficácia terapêutica da ampicilina foi feita pela Secretaria Municipal da Saúde de Divino de São Lourenço (a 209 km de Vitória), que havia comprado o medicamento para distribuir nos postos de saúde da região há um mês.
Foram enviadas amostras do medicamento à Divisão de Vigilância Sanitária do Espírito Santo, que comprovou a ineficácia da ampicilina produzida pelo Laboratório Bemen.
Investigações feitas pela ANVS apontaram que o endereço do laboratório que constava nas embalagens da ampicilina, em Blumenau (Santa Catarina), era falso.
Desde o início da semana, um fiscal da ANVS está em Divino de São Lourenço tentando descobrir qual o caminho percorrido pela ampicilina falsa até chegar à cidade.

CPI dos Medicamentos
A Câmara dos Deputados instalou ontem a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) dos Medicamentos, que irá investigar os reajustes abusivos de preços e a falsificação de remédios, materiais hospitalares e insumos.
Segundo o deputado Nelson Marchezan (PSDB-RS), presidente da CPI, laboratórios e distribuidoras acusados de falsificar medicamentos estão entre os primeiros a depor.
"Temos que chegar ao fim da CPI com soluções concretas para acabar com os reajustes acima da inflação. Também precisamos acabar de uma vez por todas com os casos de falsificação de medicamentos", disse Marchezan.
A primeira reunião da CPI está marcada para a próxima quarta-feira, quando será definido o roteiro de trabalho. O diretor-presidente da ANVS, Gonzalo Vecina Neto, e os ministros José Serra (Saúde) e Pedro Malan (Fazenda) também serão convocados.
A CPI é composta por 18 deputados e tem 120 dias para concluir seus trabalhos, podendo ser prorrogada por mais 60 dias.


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