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SP quer rever meia passagem de estudante
Prefeitura e Estado têm estudos para diminuir o número de passageiros que não pagam tarifa em ônibus, trens e metrô
Propostas vão desde cobrar do governo federal o custo
da gratuidade para idosos até o fim do desconto para alunos de pós-graduação
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Estado e prefeitura estão fechando um cerco às gratuidades no transporte coletivo de
São Paulo. A intenção é, para
diminuir o rombo no sistema,
reduzir o número de passageiros que não pagam passagem
ou pagam apenas metade.
A Secretaria de Estado dos
Transportes Metropolitanos e
a SPTrans, empresa de gerencia o sistema em São Paulo, já
fizeram um raio X das gratuidades e apresentaram propostas
que vão desde a eliminação
pura e simples do benefício
até o estudo para um "corte
econômico".
O estudo da SPTrans já está
nas mãos do prefeito paulistano, Gilberto Kassab (PFL).
Entre as propostas estudadas
está o fim do desconto de 50%
para estudantes de pós-graduação. Já alunos de escolas particulares teriam de comprovar
que são carentes para continuar a pagar meia passagem.
Nesses casos, será preciso
mexer nas leis que concederam
os benefícios, medida impopular que causará desgaste ao político que apresentá-la. Por isso, não há indícios de que Kassab ou o governador Cláudio
Lembo (PFL) estejam dispostos a levar a idéia para a frente.
Idosos, que têm direito ao
passe livre por determinação
do Estatuto do Idoso, uma lei
federal, continuariam com o
benefício, mas Estado e município querem cobrar esse custo
do governo federal, que anunciou recentemente estudos para subsidiar o sistema de transporte coletivo nas grandes cidades -nenhuma proposta
concreta foi apresentada ainda.
Na exposição de motivos que
a Prefeitura de São Paulo encaminhou anteontem para a Câmara como justificativa para o
aumento da tarifa que terá validade a partir do dia 25, Kassab
aponta que houve um crescimento de 11 milhões em março
de 2005, quando foi concedido
o último aumento, para 22 milhões no número de passageiros que não pagam passagem
nos ônibus da capital.
O presidente da SPTrans, Ulrich Hoffmann, defende que a
gratuidade do transporte coletivo seja bancada pelo governo.
Assim, se uma lei municipal
conceder desconto para estudantes, o Orçamento da prefeitura deve pagar esse custo. Se
uma lei federal dá direito ao
passe livre para os idosos, a intenção é que o Orçamento federal cubra a despesa.
Essa é a tese dos técnicos,
discutida nesta semana no Fórum Nacional dos Secretários
de Transportes, em Natal (RN).
O secretário de Transportes
Metropolitanos, Jurandir Fernandes, disse que o primeiro
passo é parar com a concessão
de novas gratuidades.
"A preocupação cresce quando se constata a existência de
centenas de projetos de lei no
Congresso Nacional, nas Assembléias Legislativas e nas
Câmaras Municipais visando à
ampliação do universo abrangido e/ou dos benefícios das gratuidades", diz um trecho do documento enviado por Kassab à
Câmara.
Uma das propostas em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado concede passe livre para ministros evangélicos.
O segundo passo, na avaliação de Fernandes, é fazer com
que os governos assumam suas
responsabilidades na cobertura de suas gratuidades.
Como não há recursos nos
orçamentos para cobrir esses
custos, Fernandes faz uma proposta paliativa. "Vamos começar a discutir um corte econômico", disse.
O estudo da Secretaria de
Transportes Metropolitanos
aponta que um corte de 60%
nas gratuidades permitiria reduzir a tarifa do transporte em
7,42%. Isso equivale a dizer que
o ônibus em São Paulo, ao invés
dos atuais R$ 2,00, poderia custar R$ 1,85.
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