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Após R$ 1,5 bi, Guanabara está até mais poluída
Banco japonês e BID investiram valor
em programa de despoluição da baía
Dinheiro estrangeiro
acabou e, em alguns pontos,
baía é hoje mais suja do que
há 13 anos, quando projeto
foi lançado pelo Estado
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Acabou o dinheiro de fora investido no programa de despoluição, os sucessivos governos
do Estado do Rio não fizeram o
que acordaram em contratos e
a baía de Guanabara hoje é tão,
e em alguns pontos até mais,
suja do que era quando o projeto foi lançado, há 13 anos.
As última parcelas de dinheiro estrangeiro (do Banco Japonês de Cooperação Internacional e do Banco Interamericano
de Desenvolvimento, o BID)
chegaram ao PDBG (Programa
de Despoluição da Baía de Guanabara) no ano passado.
Ao todo, o BID investiu exatos US$ 349.365.253,40. O
Banco Japonês, US$ 287,9 milhões. Em moeda nacional, as
organizações financeiras do exterior contribuíram, em valores atuais, com quase R$ 1,5 bilhão. Agora, a fonte secou.
Com o financiamento externo, foram construídas ou ampliadas oito estações de tratamento de esgoto ao redor da
baía de 380 km2, cujas águas
margeiam os municípios do
Rio de Janeiro, Duque de Caxias, Magé, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói. Outras nove cidades integram a
bacia hidrográfica da baía. Algo
em torno de 13 milhões de pessoas cujos dejetos vão, na
maioria das vezes, sem tratamento para o mar.
O problema principal é que
as estações ou não funcionam
ou funcionam precariamente,
porque os governantes não se
preocuparam em instalar os
troncos coletores, aonde chegariam as tubulações receptoras dos esgotos residenciais.
Essa era a tarefa contratual
dos governos fluminenses,
conforme rezam os três contratos firmados em 1994 com
os dois bancos estrangeiros. Ou
seja, sem os canos, a sujeira não
tem como chegar às estações
de tratamento prontas.
A contrapartida brasileira
aos investimentos externos seria de US$ 531,4 milhões, ou
cerca de R$ 955,8 milhões, em
valores de hoje. Mas, até 2005,
segundo dados do TCE (Tribunal de Contas do Estado), o governo fluminense só aplicara
US$ 351.287,647,86 (R$ 632,3
milhões), o que representa
66% do que deveria ter gasto.
Neste ano, o governo diz que
investirá R$ 60 milhões.
Por causa da falta de investimento pelo Estado, a primeira
fase do programa, justamente a
que previa a despoluição da
baía, não terminou. Está atrasada sete anos. A segunda fase,
de recuperação ambiental, que
duraria seis anos a partir do fim
da primeira, sequer começou.
Assim, mesmo com o mais de
R$1 bilhão investido no programa de limpeza, a baía continua
imunda. Para reparar a intensidade da poluição, basta fazer o
contorno dela por terra. Com
exceção da praia de Icaraí (Niterói), onde já não ocorre despejo de esgoto, as demais (cerca de 90) são impróprias para
banho, poluídas pelas cargas
orgânica ou industrial e lixo.
O que já era muito poluído há
13 anos, está hoje em situação
terminal. São os casos das vizinhanças do porto de Niterói; da
orla de São Gonçalo; da região
nos fundos da baía junto à Refinaria Duque de Caxias, à foz do
rio Sarapuí e à praia de Mauá;
do canal entre a ilha do Governador e o continente; e, principalmente, do canal do Fundão,
o trecho visualmente mais assustador. Ali, quando a maré
baixa, surge um lamaçal negro,
malcheiroso, sem vida. Não há
peixes no canal.
Mas a poluição da baía não
pode ser creditada apenas à população pobre que habita as favelas da orla da baía e áreas
afastadas dos espaços turísticos. Ainda existe despejo de esgoto sem tratamento no centro, na marina da Glória e na
praia do Flamengo, áreas nobres da cidade.
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