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Maria Fasanelli, uma respeitável toga
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Todos reconheciam um
voto ou decisão da desembargadora Maria Elisabeth
Fasanelli pela redação -impecável no texto e no estilo.
O que a tornava, dizem os colegas, a "poetiza do tribunal".
Apaixonada por textos jurídicos, escrevia cada um de
forma "artesanal", à mão, revisando um por um quando
digitados pelas secretárias.
"Adorava um processo difícil", que a fizesse perder noites de sono, consultar cânones jurídicos e revisar "princípios básicos da justiça".
Paulistana discreta, era sutil no tom pastel das roupas e
no tom controlado da voz.
Mas chamava a atenção dos
funcionários do gabinete
-porque "lia cada um dos
processos que julgava da primeira à ultima página" e porque não usava o carro oficial
ou o telefone do tribunal para assuntos pessoais.
Formada pela Faculdade
do Largo de S. Francisco, entrou para o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região
em 1984, quando seu marido,
José Fasanelli, já era juiz no
mesmo tribunal -ambos seguiram exatamente a mesma
carreira, ele bem antes, por
ser 30 anos mais velho. Ela
foi desembargadora até os
últimos dias.
Que foram difíceis -ao
descobrir o câncer, sua coerência exigiu honestidade do
médico, que disse, sem rodeios, que ela não veria o novo ano. Morreu no dia oito
em São Paulo, aos 57.
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