São Paulo, domingo, 18 de novembro de 2007

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Maria Fasanelli, uma respeitável toga

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todos reconheciam um voto ou decisão da desembargadora Maria Elisabeth Fasanelli pela redação -impecável no texto e no estilo. O que a tornava, dizem os colegas, a "poetiza do tribunal".
Apaixonada por textos jurídicos, escrevia cada um de forma "artesanal", à mão, revisando um por um quando digitados pelas secretárias. "Adorava um processo difícil", que a fizesse perder noites de sono, consultar cânones jurídicos e revisar "princípios básicos da justiça".
Paulistana discreta, era sutil no tom pastel das roupas e no tom controlado da voz. Mas chamava a atenção dos funcionários do gabinete -porque "lia cada um dos processos que julgava da primeira à ultima página" e porque não usava o carro oficial ou o telefone do tribunal para assuntos pessoais.
Formada pela Faculdade do Largo de S. Francisco, entrou para o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região em 1984, quando seu marido, José Fasanelli, já era juiz no mesmo tribunal -ambos seguiram exatamente a mesma carreira, ele bem antes, por ser 30 anos mais velho. Ela foi desembargadora até os últimos dias.
Que foram difíceis -ao descobrir o câncer, sua coerência exigiu honestidade do médico, que disse, sem rodeios, que ela não veria o novo ano. Morreu no dia oito em São Paulo, aos 57.


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