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Anistia favorece entidades já condenadas pelo TCU
Para o tribunal, 5 filantrópicas não prestaram assistência gratuita à população
Decisão do governo concedeu a essas e outras entidades renovação automática do certificado de filantropia, que garante isenções tributárias
ANDREZA MATAIS
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A medida provisória das filantrópicas beneficiou, pelo
menos, cinco entidades sobre
as quais pesam indícios de irregularidades. O TCU (Tribunal
de Contas da União) investigou
essas instituições e concluiu
que elas não poderiam ter o
certificado que garante isenção
de impostos porque, em sua
maioria, não ofereciam serviços gratuitos à população carente como prevê a lei. Uma delas citou o banheiro como um
de seus serviços gratuitos.
A MP, editada na última semana, porém, concedeu a essas
e a outras entidades a renovação automática do certificado
de filantropia, além de ter revogado todos os recursos no Ministério da Previdência contestando o benefício. A Operação
Fariseu, da PF, que investigou
os certificados, teria chegado a
60 entidades irregulares.
Entre as investigadas pelo
TCU de 2004 a 2007 está o colégio São Miguel Arcanjo, em
Belo Horizonte. A instituição
incluía entre as gratuidades
oferecidas cessão de sala de aula, auditório, quadras e até banheiros. Pela lei, a entidade tem
que aplicar 20% de sua receita
bruta em gratuidade. Por causa
da medida provisória, seu certificado foi renovado.
Para comprovar a gratuidade, duas instituições incluíram
entre os serviços oferecidos à
população carente assistência
jurídica prestada pelos estudantes. "Os próprios alunos,
além de custearem as disciplinas com o pagamento das mensalidades são quem prestam os
serviços gratuitos à sociedade
como forma de aperfeiçoar os
conhecimentos adquiridos",
diz o acórdão do TCU.
Por conta disso, o TCU recomendou no acórdão 292/2007
que a Fupac (Fundação Presidente Antônio Carlos), vinculada à Universidade Presidente
Antônio Carlos, em Minas, e a
Sociedade Campineira de Educação e Instrução, mantenedora da PUC-Campinas, perdessem o certificado de filantropia.
Ambas tiveram suas renovações garantidas pela MP.
Outra instituição citada no
documento do TCU é o Instituto Metodista de Ensino Superior, em São Bernardo. Entre as
irregularidades encontradas
estão: remuneração da diretoria e distribuição dos lucros, em
desacordo com a legislação. A
entidade computou ainda como gratuidades bolsas concedidas a empregados e seus dependentes e a alunos não-carentes.
"Houve total subversão da legalidade", concluiu o TCU.
O Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho, em São
Paulo, também foi investigado
pelo tribunal, que apontou
"fortes indícios de irregularidades" na aplicação dos recursos.
Em todos os casos, o TCU levantou suspeitas sobre a atuação dos integrantes do CNAS à
época. Eles teriam desconsiderado as irregularidades e mantido os certificados dessas entidades ao longo dos anos.
Parte dos conselheiros foi
afastada após a Operação Fariseu. A MP tirou do CNAS a tarefa de conceder os certificados
e a repassou para os ministérios da Saúde, da Educação e do
Desenvolvimento Social.
Colaborou MARTA SALOMON, da Sucursal
de Brasília
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