|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Perito cita falta de recursos em laudo do acidente da TAM
Texto entregue ontem à Polícia Civil diz que laudo pode estar incompleto devido à falta de tempo, de técnicos e de recursos
Secretaria da Segurança diz que essa é a forma usada pelos técnicos para se resguardar da comparação com futuros laudos
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O laudo do IC (Instituto de
Criminalística) da Polícia Civil
sobre o acidente com o Airbus
da TAM que matou 199 pessoas
em julho de 2007 pode estar incompleto "devido à falta de
tempo, número de pesquisadores e recursos". A conclusão
consta do próprio laudo, feito
pelo perito Antônio Nogueira.
O laudo aponta que o acidente foi provocado por um conjunto de falhas, da Infraero, da
Anac, da TAM, da Airbus e também dos pilotos.
A Secretaria da Segurança
Pública afirmou que a declaração é uma forma de o perito se
resguardar quanto a outros laudos que sejam emitidos posteriormente. A Aeronáutica também deve divulgar um laudo.
O laudo do IC, que tem 656
páginas de análise e 2.608 páginas de documentos e anexos,
foi entregue ontem ao delegado
Antônio Carlos Meneses Barbosa, que preside o inquérito
do acidente aéreo.
Em uma nota no fim da página 641 do laudo, o perito afirma
que o trabalho foi conduzido
por ele mesmo "em sua quase
totalidade" e diz que "fez uso de
seus próprios recursos e de alguns da Superintendência da
Polícia Técnico-Científica.
A Folha apurou que Nogueira seria um dos únicos peritos
do IC capacitado pela Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) a investigar acidentes aéreos. A secretaria diz que há pelo menos dois peritos.
Nogueira diz no documento
que incluiu no laudo todos os
itens considerados relevantes
para uma investigação desse
porte, "todavia, essa totalidade
elencada pode estar incompleta devido à falta de tempo, número de pesquisadores e recursos". O perito não se aprofunda
nesse tema nas 28 páginas -as
consideradas essenciais- do
laudo divulgadas pela Secretaria da Segurança.
Inquérito
O delegado Barbosa afirmou
em entrevista ontem que o laudo foi concluído rapidamente
(um ano e quatro meses). "Nos
Estados Unidos, um acidente
aéreo mais simples demora
dois anos para ter a investigação concluída", disse.
Ele revelou que também teve
dificuldades em seu trabalho.
Afirmou que ao lidar com parte
das entidades da aviação ligadas ao caso, não obteve informações espontaneamente, tendo que recorrer a determinações judiciais para ter acesso a
alguns documentos.
Com o laudo final do IC em
mãos, o delegado afirmou que
pretende finalizar o inquérito
sobre o acidente na próxima semana. "Se não houver nenhuma determinação judicial em
contrário", disse.
A reportagem apurou que pelo menos dez representantes da
Infraero, da Anac, da TAM e da
Airbus deverão ser indiciados.
Elas responderão pelo crime
de atentado contra a segurança
do transporte aéreo, com pena
de até seis anos de detenção.
Conclusões
O laudo do IC identifica erro
humano -da tripulação da aeronave- no fato de os manetes
que controlam os motores do
Airbus estarem em posição errada na hora do acidente.
Contudo, o perito diz que a
tripulação não pode ser a única
responsabilizada -por conta
das tomadas de decisão em situações críticas- pela "assimetria de potência experimentada
pela aeronave".
Já o inquérito irá dizer que
não é possível determinar se o
manete estava inoperante por
erro dos pilotos (falha humana)
ou por falha do computador de
bordo da aeronave.
O trecho do laudo divulgado
pela Secretaria da Segurança
também aponta deficiências na
pista de Congonhas.
Texto Anterior: Fogo na Chapada: Falta de verbas afetou prevenção, diz administrador Próximo Texto: Foco: "Vovô" dos parques de SP, Luz preserva paisagismo original aos 210 anos Índice
|