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SEGURANÇA
Abreu Filho atribui a criminalidade à política econômica e diz que só o aparato policial não conseguirá contê-la
Repressão está perto do limite, diz secretário
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
O secretário estadual da Segurança Pública, Saulo de Castro
Abreu Filho, afirmou ontem em
Santos (SP) que o poder repressivo da polícia paulista está chegando "ao limite" e que, a partir desse
ponto, a contenção da criminalidade não dependerá somente do
aparato policial.
"A polícia está chegando ao limite da repressão, que é o que dá
para fazer. O que é repressão? É
prisão. Temos 124 mil presos em
São Paulo. Já não tem mais lugar
para pôr", disse o secretário.
Abreu Filho deu a declaração no
contexto de uma resposta sobre
qual modalidade específica de crime concentrará as preocupações
da polícia durante a temporada de
verão no litoral paulista.
"Tem esses roubos a transeuntes, que começaram a aumentar,
de furto. Mas agora o pessoal está
ficando um pouco mais ousado",
afirmou Abreu Filho.
O secretário da segurança atribuiu a expansão desse tipo de crime à política econômica "excludente", ao desemprego e à ausência de políticas públicas capazes
de inibir a criminalidade.
Segundo ele, os autores desses
delitos são principalmente jovens
na faixa etária entre 16 e 21 anos
que, por meio do roubo, tentam
se integrar à sociedade de consumo, a fim de exibir tênis e roupas.
"É um fato da vida, um dado da
realidade. Nossos estudos mostram que, à medida que aumenta
o desemprego, é batata, atinge diretamente esse tipo de crime. A
equação é clara. A polícia tem
seus limites."
Para o secretário, ultrapassado
esse limite, a polícia "meio que
enxuga gelo". "Enquanto continuar esse nível de desemprego,
essa perda de renda, isso é matemático, aritmético", disse.
O Ministério da Fazenda foi
procurado ontem à tarde para comentar as críticas de Abreu Filho
à política econômica do governo,
mas não se manifestou até a conclusão desta edição.
Operação Verão
Abreu Filho acompanhou ontem o governador Geraldo Alckmin (PSDB) durante a cerimônia
de entrega de 115 novos carros para as polícias Civil e Militar da Baixada Santista.
De acordo com o secretário,
1.645 policiais militares da capital
e do interior serão deslocados para o litoral a partir do dia 26,
quando começa a Operação Verão. Cerca de 1.200 deles ficarão
na Baixada Santista, cujo efetivo
fixo soma hoje 2.300 homens -a
partir de abril, esse número será
ampliado em 390 policiais.
O comandante-geral da Polícia
Militar no Estado, coronel Alberto Silveira Rodrigues, disse que
será dada ênfase ao policiamento
"dinâmico", isto é, com uso de
motos e bicicletas.
Turismo de um dia
Segundo ele, a facilidade de
acesso à região proporcionada
pela segunda pista da rodovia dos
Imigrantes "não chegou a causar
aquilo que todos estavam imaginando", mas deverá incrementar
o chamado "turismo de um dia",
em que o veranista não se hospeda no litoral e retorna no final da
tarde ou à noite.
"Será necessário um policiamento diferenciado para esse tipo
de turismo. O policiamento precisará ser dinâmico, não poderá ficar estático, e terá de ser feito por
meio de rondas, com bastante ostensividade", afirmou.
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