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Militares são acusados de desviar munição
Dois soldados foram presos sob a acusação de vender cerca de 9.000 projéteis de fuzil para traficantes do Rio de Janeiro
O Comando Militar do Leste confirmou que a munição sumiu do maior depósito bélico do Exército brasileiro, mas se recusou a dar detalhes
DA SUCURSAL DO RIO
Nove caixas com um total de
9.000 balas para fuzis de calibre 7.62 sumiram do maior depósito bélico do Exército brasileiro, o paiol do Depósito Central de Munição do Exército,
em Paracambi (a 75 km do Rio,
na Baixada Fluminense). Dois
soldados foram responsabilizados e estão presos.
De acordo com a edição de
ontem do jornal carioca "O
Dia", as munições teriam sido
vendidas pelos soldados a traficantes de drogas vinculados à
facção criminosa CV (Comando Vermelho). O preço teria sido de R$ 15 por bala, o que renderia R$ 150 mil aos responsáveis pelo furto das balas.
Representação do Exército
no Estado, o Comando Militar
do Leste (CML) confirmou o
sumiço das 9.000 balas, mas recusou-se a fornecer detalhes
sobre o caso, embora a Folha,
seguindo orientação da assessoria do órgão, tenha enviado
perguntas por e-mail.
Na resposta, o CML limita-se
a informar que "está confirmada a ocorrência de desvio de
munições no Depósito Central
de Munições (DCMun) do
Exército em Paracambi-RJ".
Para apurar o desvio, o CML
abriu um IPM (Inquérito Policial Militar), que corre em segredo de Justiça. Os responsáveis pelo IPM , com mandados
expedidos pela 4ª Auditoria da
Justiça Militar do Rio, já realizaram ações em busca do material furtado, mas até agora
quase nada foi recuperado.
Uma das caixas, com poucas
balas, foi encontrada pelos militares na semana passada em
um endereço na localidade de
Lages, em Paracambi.
Como parte do IPM, o CML
investiga um esquema de desvio de munições e armamentos
da unidade militar de Paracambi. Desse esquema participariam outros militares, além
dos soldados presos.
Pelo divulgado pelo CML, o
desaparecimento das caixas
-cada uma com mil balas para
fuzil 7.62- foi notado no dia 3
deste mês, "depois de uma fiscalização de rotina realizada no
âmbito daquela organização
militar (o Depósito Central)".
As caixas desaparecidas estavam guardadas em um dos 74
paióis da unidade militar. Segundo o CML, a partir da descoberta, houve uma verificação
dos estoques de todo o depósito. A "conferência geral" não
constatou outros desvios,
anunciou o Exército.
O CML recusou-se a divulgar
os nomes dos soldados presos.
Sabe-se apenas que eles trabalhavam no Depósito Central.
As identidades de seus advogados também não foram reveladas, assim como a data de conclusão do IPM, a existência de
mais suspeitos e os valores que
teriam sido cobrados aos traficantes pelos autores do furto.
Na resposta à Folha, o CML
justificou o segredo em torno
do tema. "O objetivo" seria o
"de não prejudicar as investigações em curso".
Conforme noticiado por "O
Dia", os soldados teriam deixado a unidade dentro de um carro do Exército, durante a madrugada. O carro não teria sido
revistado na saída do Depósito
Central. Os soldados teriam
alegado para os vigilantes que,
em obediência a ordens de um
oficial, levavam para fora carregamentos com gasolina sem
condições de uso, com data de
validade vencida.
As impressões digitais dos
acusados teriam sido encontradas no paiol de onde as munições desapareceram.
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