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Serra quer limitar faltas de funcionários
Projeto enviado à Assembléia limita em 6 as faltas por ano, sem prejuízo dos vencimentos, justificadas por atestado médico
Texto não inclui doenças que exijam licença médica; nestes casos, não há restrição a faltas, desde que o servidor passe por perícia
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Projeto do governador José
Serra (PSDB) limita o número
de faltas dos servidores do Estado de São Paulo para realizar
consultas ou exames médicos e
sem prejuízo dos vencimentos
por meio de atestado médico.
Pela proposta enviada à Assembléia Legislativa na última sexta, os funcionários poderão faltar até seis vezes para a realização desses procedimentos.
O projeto nada muda em relação a casos de tratamento
médico que exijam licença
-nesta situação, não há restrição ao número de faltas, desde
que o servidor passe por perícia
do Estado que comprove a necessidade do tratamento.
Atualmente, o funcionário
que não comparece ao serviço
não tem o dia descontado desde
que apresente um atestado de
consulta ou exame médico e
desde que as ausências não
ocorram em dias consecutivos.
Ou seja, há desconto se o servidor faltar na segunda e na terça-feira, por exemplo, mas não
existe perda nos rendimentos
se as ausências ocorrerem na
segunda e na quarta. No caso da
Educação, o mecanismo permite que, no limite, o funcionário
falte 100 dos 200 dias letivos.
A proposta prevê ainda que
só será permitido, das seis faltas possíveis, uma por mês.
Ao mesmo tempo, o projeto
prevê que os servidores poderão se ausentar do trabalho por
até três horas para consultas
médicas. Para isso, deverão avisar o seu superior com antecedência, para que haja cobertura
da ausência. A medida vale para
os funcionários que têm jornada de 40 horas semanais.
Já os servidores com carga
horária reduzida (20 horas semanais) não poderão se ausentar do trabalho para fazer consulta ou exame.
Na justificativa do projeto,
Serra diz que estudos do governo "demonstraram que a inexistência de limites para ausências não previstas, notadamente as relacionadas a consultas e
tratamentos médicos, possibilita ao servidor, no curso de um
ano, mais faltar do que cumprir
sua jornada de trabalho". Diz
ainda que a situação atual
"constitui verdadeiro incentivo
aos abusos de toda ordem".
O secretário de Gestão, Sidney Beraldo, disse que "o objetivo é reduzir abusos praticados por uma minoria, mas que
traz prejuízos ao Estado".
Reportagem publicada pela
Folha no mês passado mostrou
que, todos os dias, cerca de 29,4
mil dos 230 mil professores da
rede estadual não comparecem
às aulas (12,8%). A Educação
concentra mais da metade de
todos os servidores do Estado.
Especialistas afirmaram que
uma das principais razões para
isso era justamente a legislação, considerada permissiva.
Já a Apeoesp (sindicato dos
servidores da educação) afirma
que as faltas são decorrentes de
más condições de trabalho
-classes superlotadas, baixos
salários e violência nas escolas,
o que acarreta em adoecimento
dos profissionais.
A Secretaria Estadual da
Educação afirmou que os dados
relacionados às faltas eram
"preocupantes" e que "alterações na legislação precisam de
uma ampla discussão entre sociedade, Legislativo e governo".
O governo, porém, enviou o
projeto à Assembléia sem consultar as entidades da categoria. Segundo Beraldo, as discussões ocorrerão no Legislativo.
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