São Paulo, sábado, 18 de dezembro de 2010

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Prefeito vai "comprar briga", diz morador

Para chaveiro cujo imóvel deve ser derrubado, "prefeitura vai precisar ter muita bala na agulha para tirar todo mundo"

Associação da Santa Ifigênia afirma que comerciantes não têm garantias de que terão direitos preservados


DE SÃO PAULO

Atrás do balcão, o chaveiro João Agostinho declara estar incrédulo com a realização do projeto da Nova Luz.
"A prefeitura vai precisar ter muita bala na agulha para retirar todo mundo. É comprar uma briga", afirma o comerciante. O imóvel onde ele está deverá ser derrubado.
"Hoje, a situação aqui está melhor. Por que não fizeram isso nos anos 60? Será que eles não leram nada sobre a boca do lixo?", indaga Agostinho, que gosta de fotografar as ruas e os prédios do centro antigo nas folgas.
O sentimento de descontentamento do chaveiro, que mora sobre o seu local de trabalho, uma pequena porta na rua Timbiras, é corrente em outras ruas da região.
"O projeto é bom e necessário. O que está errado é o mecanismo escolhido pela prefeitura para fazer as mudanças", diz Paulo Garcia, diretor da associação de comerciantes da rua Santa Ifigênia, também atingida.
Segundo ele, ao dar todo o poder à iniciativa privada, muitas ações injustas poderão ocorrer na região.
"Não temos garantias, no papel, de que todos os comerciantes terão seus direitos preservados."
O mapa detalhado da Nova Luz, mostrado ontem pela prefeitura, revela más notícias para os lojistas.
Somadas todas as demolições, mais de três quarteirões da tradicional via de comércio de eletroeletrônicos da cidade vão para o chão.
O mesmo deve ocorrer em vários quarteirões da tradicional avenida Rio Branco, onde hoje existem muitos estacionamentos para quem faz compras na região.
O uso comercial dos novos edifícios, entretanto, não deverá ser alterado, segundo indica a prefeitura. E estacionamentos subterrâneos deverão ser construídos.
O mapa oficial indica ainda que alguns investimentos privados feitos nas ruas da área serão beneficiados.
Hotéis recém-reformados e até mesmo edifícios para moradia que estão com apartamentos à venda hoje serão mantidos no novo projeto.
A ideia também é tornar a a rua Guaianases um espaço de prédios residenciais.


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