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EDUCAÇÃO
Em 18 áreas avaliadas pelo Provão, de 2000 a 2003, participação de pardos e negros subiu de 15,7% para 20,7%
Cresce o número de negros em faculdades
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A proporção de negros e pardos
entre os formandos do ensino superior aumentou nos últimos
quatro anos. Dados do questionário socioeconômico do Provão
mostram que, em todas as 18
áreas avaliadas desde 2000, cresceu a participação de negros e
pardos entre o total de universitários que se formaram.
Em 2000, 15,7% dos formandos
dessas 18 áreas se declararam negros ou pardos, percentual que
aumentou para 20,7% em 2003,
uma variação de 32%. Analisando
somente os negros, subiu de 2,2%
para 2,9%. Entre os pardos, passou de 13,5% para 17,8%.
A área onde, em termos proporcionais, houve maior aumento foi
matemática. Em 2000, eles eram
23,5% do total. Em 2003, passaram a 35,4% (variação de 50,5%).
Os cursos de administração
também tiveram aumento significativo. Negros e pardos eram
12,5% do total em 2000 e 18,4%
em 2003, uma variação de 47,1%.
As áreas em que houve menor
avanço, proporcionalmente, foram agronomia e engenharia mecânica. Na primeira, a proporção
de negros e pardos passou de
16,1% para 17,2%. Na segunda,
passou de 13,5% para 14,5%.
Apesar do crescimento, negros
e pardos continuam sub-representados entre os formandos, se
for considerado o perfil racial da
população brasileira. Segundo a
Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) de 2002
do IBGE, 5,6% da população brasileira se declarou negra, 40,5% se
disse parda e 53,3% branca.
A sub-representação varia de
acordo com o curso. Em história,
40% dos formandos de 2003 eram
negros ou pardos, percentual próximo dos 46,1% que eles representam do total da população.
Se forem considerados somente
os negros nos cursos de história,
eles já são 8,5% dos formandos,
superando o total de 5,6% de negros na população. Esse percentual é superado também em geografia (6,5%) e igualado em letras
(5,6%). Entre os pardos, nenhuma área superou o percentual
desse grupo na população.
A situação se inverte quando
são analisados os cursos de maior
prestígio, em que a relação candidato/vaga é muito maior nos vestibulares. O curso com menor
percentual de negros e pardos é o
de arquitetura (11,2%), seguido de
odontologia (12,3%).
Para Simon Schwartzman, pesquisador do Instituto de Estudos
do Trabalho e Sociedade, os dados mostram que os maiores aumentos aconteceram nas áreas
em que o acesso da população negra ou parda já era maior. "São,
em geral, áreas de formação de
professores. Nessas áreas, costumam entrar alunos de níveis socioeconômicos mais baixos", diz.
Apesar do crescimento de negros e pardos em todas as áreas,
ele afirma que cresceu a diferença
entre os cursos mais elitistas do
ponto de vista racial e os menos
elitistas. "Os dados podem significar que o ensino superior está começando a se abrir socialmente
como um todo, mas as diferenças
estão aumentando", diz.
Para comparar os dados do Provão de 2000 com os de 2003, foi
preciso levar em conta apenas as
18 áreas avaliadas nesses anos. No
exame do ano passado, oito novas
áreas foram incluídas.
O MEC não informou o número
absoluto de alunos dos 18 cursos
comparados pela Folha que fizeram a prova em 2003. Dos 26 cursos avaliados, participaram do
exame 435.810 alunos.
Considerando também as oito
novas áreas, o total de formandos
que fez o exame no ano passado
teve 3,6% de negros, 20,4% de
pardos e 72,1% de brancos.
Até o ano passado, fazer o Provão era condição obrigatória para
que o estudante pudesse receber o
diploma de conclusão do curso. O
exame sofrerá alterações neste
ano, já que o governo está modificando o sistema de avaliação.
O crescimento da participação
de negros e pardos não sofreu influência da política de cotas que
algumas instituições passaram a
adotar a partir de 2001 porque a
maioria dos formandos de 2003
entrou no curso antes de 2000.
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