São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ex-policial suspeito de matar 12 é preso

Ricardo José Guimarães estava desarmado, portava documentos falsos e foi preso na casa onde vivia, em Itaquera

Ele estava foragido e é acusado de integrar suposto grupo de extermínio, que teria atuado na cidade de Ribeirão Preto de 96 a 2004

FABRÍCIO FREIRE GOMES
DA FOLHA RIBEIRÃO

O ex-policial civil Ricardo José Guimarães foi preso ontem à tarde em São Paulo pela Polícia Federal. Ele é suspeito de ter praticado, pelo menos, 12 homicídios, além de integrar um grupo de extermínio supostamente formado por policiais civis e militares que atuou em Ribeirão Preto (314 km da capital) de 1996 a 2004.
Guimarães foi preso por volta das 15h em Itaquera, zona leste da capital. O ex-policial estava foragido desde junho de 2004, quando saiu pela porta da frente do presídio da Polícia Civil, em São Paulo.
A fuga, de acordo com um inquérito da Corregedoria Geral da Polícia Civil, ocorreu devido à negligência de alguns funcionários do presídio, que deixaram o portão encostado e sem os cadeados.
Segundo o Ministério Público Estadual, Guimarães tem pelo menos 12 prisões preventivas decretadas por homicídios praticados em Ribeirão e Santana do Livramento, no Rio Grande do Sul.
Entre os assassinatos atribuídos ao ex-policial está a morte de Sandro Alberto Lima, o Pezão, dentro da Santa Casa de Ribeirão Preto, em março de 2002 (leia o texto ao lado).
No momento da prisão pela Polícia Federal, Guimarães estava desarmado e acompanhado de uma mulher, que não foi levada pelos policiais.
Para evitar o flagrante, o ex-policial chegou a apresentar documentos falsos no nome de Wellington José da Silva. No imóvel onde Guimarães morava, os policiais federais encontraram outros documentos falsos que seriam usados por ele.
Guimarães foi levado para a Superintendência Regional da Polícia Federal em São Paulo. Até o início da noite, ele estava prestando depoimento. A Folha não conseguiu falar com nenhum delegado responsável pela operação.
Segundo o promotor Luiz Henrique Paccini, integrante de um grupo que investiga os crimes de extermínio na cidade de Ribeirão Preto, a prisão de Guimarães pode esclarecer outros casos. "É uma prisão muito importante. Ele praticou tudo isso com mais outras pessoas. Espero que, agora, ele colabore. Assim que for possível, é importante ele ser ouvido", disse Paccini.

No relatório da ONU
Uma das mortes atribuídas a Guimarães foi incluída em relatório da ONU (Organização da Nações Unidas) sobre crimes de execução no Brasil. A morte é a do detento João Paulo Alves da Silva no 1º Distrito Policial de Ribeirão, em 2002.
Guimarães é acusado de integrar, enquanto esteve foragido, uma quadrilha de contrabando e evasão de divisas que agia no Brasil, EUA e Uruguai. Foi o que mostrou a Operação Plata, desencadeada pela PF para combater o descaminho e o contrabando de mercadorias no país.


Texto Anterior: Acidente deixa Pinheiros e Jardins sem luz
Próximo Texto: Memória: Preso se tornou ícone de grupo de extermínio
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.