São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

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Lula elogia Cabral e volta a dizer que Rio é vítima de terrorismo

Ele afirmou que Forças Armadas e Força Nacional atuarão no Estado no que for preciso

TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO

Antes de assinar a reedição de Medida Provisória que libera R$ 60 milhões do governo federal para projetos de urbanização da favela da Rocinha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar sobre "o terrorismo" que vitima o Rio, em discurso no Palácio Laranjeiras (residência oficial do governo do Rio), na manhã de ontem.
"Aquilo é terrorismo, aquilo não é bandido comum. Pegar um ônibus, tocar fogo e ver pessoas morrendo, tem que ser tratado como terrorismo de Estado (sic), porque é uma provocação ao Estado brasileiro. Não tem meio termo nisso. Não é um bandido comum, é uma ação preparada de desacato ao Estado brasileiro e, portanto, nós temos que tratar assim e enfrentar", afirmou Lula.
Em 28 de dezembro, criminosos atacaram delegacias e cabines da PM, além de atearem fogo em um ônibus sem deixar os passageiros sair, matando sete pessoas carbonizadas
O presidente disse que as Forças Armadas e a Força Nacional atuarão no Estado no que for necessário, mas que o governo federal não dará "um passo sem conversar com o governador [Sérgio Cabral]".
Lula explicou por que não atendeu à solicitação de Cabral para que as Forças Armadas fizessem o patrulhamento do entorno dos quartéis. Segundo ele, elas não podem ser usadas para "combater o crime".
"Para isso nós criamos a Força Pública Nacional, ou seja, uma polícia que tenha os melhores policiais de cada Estado, que nós juntamos num momento em que precisa juntar. A minha idéia é trabalhar para que a Força Pública Nacional, a Força de Segurança Nacional, seja fixa e que a gente tenha muito mais mobilidade."
A Força Nacional já está no Rio com cerca de 500 homens e poderá começar a patrulhar as divisas do Estado ainda hoje.
Lula disse que é preciso de mais "inteligência" e "sofisticação" para lidar com o crime organizado. "É uma "indústria" que tem seu braço na política, tem seu braço na indústria, tem seu braço no Poder Judiciário, tem o seu braço internacional."
Em "lua-de-mel" com Cabral -ele vivia às turras com a ex-governadora Rosinha Matheus-, Lula fez diversos elogios à atual gestão, que começou há apenas 18 dias. Chamou esse início de governo de "vigoroso" e disse que Cabral "veio para mudar a história do Rio".

Rocinha
A verba para a Rocinha deverá ser gasta, entre outras coisas, na implantação de um anel viário, que vai estabelecer limites para o crescimento da comunidade, a construção de casas, creches e de uma clínica de saúde. O Rio deverá dar uma contrapartida de R$ 12 milhões.
A MP foi reeditada porque, depois da assinatura de convênio com o governo anterior, não houve contrapartida.
Participou da solenidade o presidente da Associação de Moradores da comunidade, William de Oliveira, a quem o presidente se referiu pelo nome. Oliveira esteve preso e foi investigado por associação para o tráfico de drogas.
Gravações telefônicas, feitas com autorização da Justiça, mostraram Oliveira passar para um traficante detalhes de uma operação policial que aconteceria no dia seguinte.


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