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700 motoboys fazem protesto em São Paulo
Motociclistas ocuparam vias importantes, como Rebouças e Consolação, e chegaram a fechar a ligação Leste-Oeste
Classe protesta contra novas regras, como veto a motos na
via expressa das marginas; Kassab disse que manterá "as
medidas experimentais"
CINTHIA RODRIGUES
RICARDO SANGIOVANNI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Cerca de 700 motoboys fizeram ontem um protesto contra
as novas regras para motociclistas em São Paulo -sobretudo contra a proibição de motos
na via expressa das marginais
Tietê e Pinheiros. Eles ocuparam faixas de vias importantes,
como Rebouças e Consolação, e
chegaram a fechar a ligação
Leste-Oeste, concentrando-se
em frente à prefeitura e à Câmara Municipal. A polícia deteve quatro motociclistas.
Quatro grupos saíram por
volta das 8h30 de pontos diferentes: avenidas Faria Lima e
Washington Luís, na zona sul,
Radial Leste, na zona leste, e
Campo de Bagatelle, na zona
norte. Acompanhados de agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e da Polícia Militar, eles não bloquearam o trânsito.
Um quinto grupo, que veio da
zona leste sem escolta, parou o
trânsito por cinco minutos na
ligação Leste-Oeste e por outros três minutos na avenida 23
de Maio. Quatro pessoas foram
detidas e tiveram as motos
apreendidas pela PM.
A coordenação do protesto
nega que tenha envolvimento
com este último grupo.
Apesar da manifestação, a
CET registrou pico de 81 km de
congestionamento em toda a
cidade às 9h30, número abaixo
da média das manhãs de sexta-feira, que é de 98 km.
O presidente do Sindimotosp
(Sindicato dos Mensageiros
Motociclistas), Gilberto Almeida dos Santos, foi atendido por
cinco vereadores na Câmara e
conseguiu marcar uma audiência pública para o dia 6.
O vereador Celso Jatene
(PTB) disse que será a primeira
atividade após o recesso. "Nossa função é encaminhar o diálogo. O que vai sair dele, não podemos garantir. Às vezes não se
chega a 100% do que se quer",
disse Jatene à comissão.
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) anunciou que manterá
as "medidas experimentais de
proteção aos motociclistas".
Novas manifestações
Segundo o presidente do Sindimotosp, se as reivindicações
não forem atendidas, haverá
novos protestos. "A gente não
quer atrapalhar a vida dos outros, desde que a gente consiga
trabalhar", disse. No caso da
proibição de circular nas pistas
expressas das marginais, ele
afirmou que a medida é ruim
porque, na pista local, as várias
saídas tornam a circulação de
motos perigosa. Além disso, o
espaço entre os carros é menor
do que o da pista expressa.
Outras duas entidades representantes dos motoboys têm
manifestações agendadas para
os dias 22 e 30.
O Sindimoto-SP (Sindicato
dos Trabalhadores Motociclistas) e a AMM (Associação dos
Mensageiros Motociclistas) foram recebidas anteontem pelo
secretário municipal de Transportes, Alexandre de Moraes. O
Sindimotosp foi convidado e
não compareceu.
Uma nova reunião com as
três entidades está marcada para a próxima terça-feira. Moraes também convidou as entidades a participar da comissão
que avaliará os efeitos da proibição de motos nas pistas expressas das marginais e da faixa
exclusiva para motociclistas na
avenida 23 de Maio.
Ontem, durante todo o protesto, a briga pela representatividade era lembrada em caminhões de som que repetiam que
o Sindimotosp era o "único"
sindicato da categoria.
Percurso
Os motoboys seguiram caminhões de som que tocavam seguidamente o rap "125 Motivos
de Correria", que narra o dia-a-dia de motofretistas: "Ei, cachorro louco/loucos motoboys/todo dia eu corro risco".
Alguns motoristas e moradores chegaram a concordar com
a manifestação. "Todo mundo
tem direito de protestar", disse
o microempresário Eurípedes
Marques, 49, que teve de esperar a passagem das motos para
cruzar a rua da Consolação.
Na Rebouças, um motorista
que passava no sentido contrário fez um gesto obsceno para o
grupo e ouviu uma bronca generalizada. "Com certeza, você
já pediu pizza na sua casa", gritavam os motociclistas.
Colaboraram JOÃO WAINER, repórter-fotográfico e FABIANO NUNES , do "Agora"
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