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"Teto parecia um isopor", afirma jovem
Segundo fiéis, "foi tudo muito rápido"; maioria diz que conseguiu escapar pelas saídas de emergência da lateral da igreja
Uma das feridas diz que o desespero maior era das mães, já que as crianças costumam aguardá-las em uma sala separada no templo
MARIANA BARROS
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
"Imagine um isopor. Imagine
que alguém dá um soco neste
isopor. Foi assim o teto caindo", relatou Cássia Novakoski,
17, que estava embaixo das escadarias da sede da Igreja Renascer, no Cambuci, região
central, na hora em que o teto
do prédio desabou. Ela teve luxação em um dos braços.
Com a maquiagem borrada
pelo choro e arranhões pelo
corpo, a estudante Rebeca Del
Corso Consolo, 15, aguardava
notícias de sua irmã Evelise, 17,
na sala de espera do pronto-socorro do hospital Vergueiro, na
zona sul de São Paulo, uma das
unidades que receberam mais
vítimas, ao menos 17, sendo
uma delas em estado grave.
"Ela desmaiou e teve reflexos, gritos", conta Rebeca, sobre o traumatismo craniano sofrido pela irmã. As duas estavam entre os fiéis presentes no
templo no momento do desabamento do teto, que aconteceu por volta das 18h55.
No hospital Cruz Azul, que fica na rua de trás do templo, familiares e feridos se concentravam na calçada após receberem
atendimento.
Atendida no Cruz Azul com
ferimentos na cabeça, a arquiteta Maricelma Valdambrini,
47, disse que fazia uma oração
perto do altar quando foi atingida por parte do teto. Ela afirmou que não era possível enxergar quase nada ao seu redor,
mas que conseguiu sair por
uma das portas de emergência
na lateral, com acesso ao estacionamento.
Rápido
"Estou me sentindo o monstro das neves", disse Cecia Alexandrino, 40, que trabalha em
um salão de beleza e tinha a cabeça envolta por um grande curativo e manchas de sangue na
roupa. "Rasparam uma parte
da minha cabeça para dar os
pontos." Ela conta que não teve
tempo de gritar porque foi tudo
muito rápido. "Nem sei o que
foi que caiu na minha cabeça."
Cecia conta ainda que o desespero maior foi das mães que
estavam no local, já que é costume que as crianças pequenas
aguardem os pais enquanto estão nas celebrações em uma sala separada, chamada escolinha. Como o culto já estava terminando, muitos filhos já
saíam dessa sala no momento
do desabamento e, até o fechamento desta edição, crianças
foram atendidas apenas com
ferimentos leves.
Ajuda
"Dei sorte porque estava na
porta, de saída", disse Priscila
Alves, 30. "Ninguém ouviu nada. De repente tudo caiu. Não
deu tempo de fazer nada." Segundo ela, os fiéis que conseguiram escapar puderam ajudar quem estava perto da saída,
mas não era possível alcançar
os frequentadores que estavam
no meio do templo. Eles tiveram de esperar a chegada dos
bombeiros.
Um adolescente de 19 anos,
que preferiu não se identificar,
disse que tinha sido assistido ao
culto das 15h. Por volta das 19h,
ele recebeu um telefonema do
pai contando o que acontecera
e resolveu voltar ao local. "Cheguei lá e fiquei assustado com o
que vi, mas a maior preocupação era com a minha família.
Depois que vi que estavam todos bem, fiquei ajudando a carregar água para os feridos e a fazer cordões de isolamento".
Seu pai, que estava na igreja
quando o teto desabou e também não quis se identificar, disse que foi tudo muito rápido.
"Se tivesse feito barulho, teria
alertado o pessoal", diz ele, que
conta ter fugido por uma das
novas portas de emergência do
templo, "que foi reformado há
pouco tempo", segundo ele.
"O pessoal é muito cuidadoso
com estas coisas. O telhado havia sido reformado. As telhas
eram todas novas. A igreja tem
Habite-se e documentação, são
todos muito cuidadosos", afirmou. A Igreja Renascer nega
que a reforma da sede da Lins
de Vasconcelos tenha sido efetuada.
Colaborou o "Agora"
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