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NELSON GARCIA (1921-2009)
Figurinha, um palhaço de bicicleta
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Filho de palhaço, Ayelson
tem no nome o produto da
soma dos pais: Ayola, a mãe,
caminhava sem cair de uma
ponta a outra do arame, e
Nelson, o pai, era o único capaz de andar numa minúscula bicicleta que deixou em casa, no bairro Mirandópolis,
zona sul de SP. Assim, eis que
Ayola + Nelson = Ayelson.
De acordo com o cálculo
feito pelo filho, Nelson Garcia, um dos principais ciclistas-acrobáticos do país, deixou, em casa, 11 bicicletas.
Com elas, fazia até manobras
com as rodas fora do eixo.
No circo, Nelson começou
como ator mirim, até se tornar palhaço. Seu pai o batizou como palhaço Figurinha.
Era sobrinho do fundador do
Circo Garcia e genro de Abelardo Pinto, mais conhecido
como palhaço Piolim.
Nenhum de seus filhos teve de aprender a dar cambotinhas -ele considerava dura a vida de um artista de circo e não queria o mesmo para as crianças. "Meu pai fez
de tudo na vida, só não fez dinheiro", brinca a filha Ana
Regina. Para tanto, jogava
sempre na Mega-Sena.
Figurinha foi taxista, dono
de um boliche e funcionário
das bicicletas Monark, marca que divulgou viajando por
todo o país numa Kombi.
No terceiro dia do ano,
passou mal e morreu, aos 87,
de complicações cardíacas,
no colo da neta, enquanto era
levado de táxi até o hospital.
"No caminho, ele disse para minha filha: "Estou morrendo", e apagou", conta
Ayelson, sem segurar o choro. Teve quatro filhos -sendo um adotivo- e oito netos.
obituario@grupofolha.com.br
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