São Paulo, segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

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NELSON GARCIA (1921-2009)

Figurinha, um palhaço de bicicleta

ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Filho de palhaço, Ayelson tem no nome o produto da soma dos pais: Ayola, a mãe, caminhava sem cair de uma ponta a outra do arame, e Nelson, o pai, era o único capaz de andar numa minúscula bicicleta que deixou em casa, no bairro Mirandópolis, zona sul de SP. Assim, eis que Ayola + Nelson = Ayelson.
De acordo com o cálculo feito pelo filho, Nelson Garcia, um dos principais ciclistas-acrobáticos do país, deixou, em casa, 11 bicicletas. Com elas, fazia até manobras com as rodas fora do eixo. No circo, Nelson começou como ator mirim, até se tornar palhaço. Seu pai o batizou como palhaço Figurinha.
Era sobrinho do fundador do Circo Garcia e genro de Abelardo Pinto, mais conhecido como palhaço Piolim. Nenhum de seus filhos teve de aprender a dar cambotinhas -ele considerava dura a vida de um artista de circo e não queria o mesmo para as crianças. "Meu pai fez de tudo na vida, só não fez dinheiro", brinca a filha Ana Regina. Para tanto, jogava sempre na Mega-Sena.
Figurinha foi taxista, dono de um boliche e funcionário das bicicletas Monark, marca que divulgou viajando por todo o país numa Kombi. No terceiro dia do ano, passou mal e morreu, aos 87, de complicações cardíacas, no colo da neta, enquanto era levado de táxi até o hospital. "No caminho, ele disse para minha filha: "Estou morrendo", e apagou", conta Ayelson, sem segurar o choro. Teve quatro filhos -sendo um adotivo- e oito netos.

obituario@grupofolha.com.br


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