São Paulo, quinta, 19 de fevereiro de 1998

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Filhas do embaixador e do cônsul da Rússia no Rio são resgatadas por helicóptero
Russos se perdem na floresta da Tijuca

Severino Dias/Agência O Dia
O cônsul da Rússia, Boris Fessenko, beija o tenente-coronel Marcos da Silva, ao saber que sua filha havia sido encontrada


RONI LIMA
da Sucursal do Rio

O serviço diplomático da Rússia no Brasil viveu horas de tensão com o desaparecimento de três russos -dentre eles, as filhas do embaixador e do cônsul-geral do país no Rio- na floresta da Tijuca (zona norte do Rio).
Os três foram resgatados por um helicóptero dos bombeiros na manhã de ontem, após passar a noite na floresta. "Graças a Deus estamos vivas", disse Anastassia Fessenko, 21, filha do cônsul-geral, Boris Fessenko, 51.
Anastassia Fessenko e Masha Podrajanets, 22, filha do embaixador da Rússia no Brasil, Joseph Podrajanets, foram passear anteontem por pontos turísticos da cidade acompanhadas do vice-cônsul no Rio, Andrey Martinenko, 28.
Masha, que estuda comunicação na Rússia, está de férias no Rio. Martinenko e Anastassia resolveram levá-la para passear pela orla da Barra da Tijuca (zona sul). Depois, seguiram para a floresta da Tijuca.
Visitaram pontos tradicionais do parque nacional. Como já tinha feito caminhadas pela floresta, Martinenko levou-as por algumas trilhas para tirar fotos.
De repente, o imprevisto: por volta das 16h, desabou um temporal, que atingiu principalmente a zona norte da cidade. "A gente se perdeu por causa da tempestade", disse Anastassia.
Desorientados, pois escureceu e os vestígios da trilha se apagaram com o aguaceiro, acharam que tomariam o rumo certo ao seguir marcas de tinta azul que existiam em alguns troncos de árvores.
Só que as marcas conduziram os três para dentro da floresta. Ao encontrar um rio, seguiram o seu leito até encontrar uma cachoeira, no local chamado vale do Perdido. Ali, à noite, se abrigaram debaixo de uma árvore.
"Estava frio por causa da chuva", lembrou Masha. As duas disseram que, apesar do medo, ficaram relativamente tranquilas. Avisados por um guarda do parque sobre um carro abandonado próximo a uma trilha, oito equipes com 60 bombeiros começaram as buscas por volta das 20h de anteontem.
Às 23h, preocupado com o sumiço dos três, o cônsul saiu de casa atrás de notícias. Após rodar pela Barra da Tijuca e procurar informações em hospitais, soube que o carro do consulado havia sido encontrado.
"A gente tava muito preocupado com os nossos pais. Passamos a noite conversando para o tempo passar mais rápido", disse Masha. Para tentar relaxar, contaram piadas, falaram de suas famílias, da vida em geral.
"Pensamos no Titanic e vimos que o nosso (caso) não era pior", disse Masha. "A gente estava com medo de bicho, cobra, mas nada apareceu, graças a Deus", afirmou Anastassia.
Quatorze horas depois de iniciadas as buscas, os três foram localizados, por volta das 10h de ontem, quando caminhavam por uma trilha no vale do Elefante. Com arranhões e picadas de mosquito, foram içados por um helicóptero.



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