|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PRECAUÇÃO
Por causa da criminalidade na região, novas covas são abertas antes para não atrasar enterros
Cemitério em SP "antecipa" mortes
da Reportagem Local
Para dar conta de todos os enterros de vítimas da violência nos
finais de semana realizados no
Cemitério São Luiz, na zona sul
de São Paulo, seus 14 coveiros
abrem novas sepulturas durante
a semana para não atrasar os enterros realizados aos sábados,
domingos e segundas.
O cemitério atende à população de bairros pobres e de classe
média baixa, como o Jardim Ângela.
O bairro está na área de atuação
da Delegacia Seccional de Santo
Amaro, que registrou 29 homicídios no Carnaval.
Entre o sábado de Carnaval e a
Quarta-Feira de Cinzas (anteontem), segundo dados da administração do cemitério, 48 pessoas foram enterradas no São
Luiz, 31 delas vítimas de causa
mortis não-naturais, sendo 27 de
homicídios e acidentes.
Segundo a administração do
cemitério, 14 funcionários trabalham nos plantões realizados nos
finais de semana.
Como nem todos são coveiros,
se não houver sepulturas cavadas
antecipadamente, funcionários
de outras áreas do cemitério tem
de ser deslocados para cavar sepulturas ou os enterros atrasam.
Durante os dias úteis, cada um
dos 14 coveiros abre normalmente duas sepulturas, mas quando
há pouco serviço, ele pode ser designado para abrir três ou mais.
Desta forma, ficam garantidas
as covas para o fim-de-semana. A
prioridade do São Luiz, segundo
a administração, é sepultar.
"Com as covas abertas antecipadamente, os funcionários realizam apenas os sepultamentos e
não precisam abrir novas covas,
nem deslocar gente de outras
áreas para o serviço", disse uma
funcionária da administração
que não quis se identificar.
A maioria das famílias que procura o São Luiz é pobre e não tem
condições de contratar um velório no serviço funerário.
Quando um caixão chega ao cemitério, um parente do morto
apresenta o atestado de óbito e já
pode ir até o local onde estão as
sepulturas.
O parente recebe uma tábua de
madeira com o número da sepultura e o da quadra onde ocorre o
sepultamento.
Dentre os atestados que a Folha
examinou, é comum encontrar
até quatro casos de sepultamentos marcados em um mesmo horário, em um só dia.
Cada família pode fazer orações e ficar próxima ao caixão
numa área livre próxima por até
15 minutos.
(MARCELO OLIVEIRA)
Texto Anterior: Garotos são acusados de matar marceneiro Próximo Texto: Ossos dão lugar a novo corpo Índice
|