São Paulo, domingo, 19 de março de 2006

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SAÚDE/OTORRINOLARINGOLOGIA

No calor, inflamação é freqüente na parte externa do ouvido; no frio, ocorre atrás do tímpano

Otites variam de acordo com as estações do ano

CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO

O verão chega ao fim e começam a cair os casos de otite externa, uma infecção na parte externa do ouvido freqüente nessa época em razão da umidade. Mas com a chegada do outono e do inverno, um outro tipo de doença aparece mais: a otite média.
A infecção ocorre atrás do tímpano e acontece mais no frio porque é quando problemas como gripe, coriza, sinusite, rinite e alergias respiratórias têm maior incidência. Do nariz atingem a tuba auditiva e chegam ao ouvido médio. "Os processos inflamatórios e infecciosos de via aérea pioram nos meses de frio porque as pessoas ficam em ambientes mais fechados", diz o chefe do departamento de Otorrinolaringologia da Unicamp, Agrício Crespo.
A doença atinge, principalmente, as crianças e pode ter outras causas. Nos bebês que costumam mamar deitados, há o risco de o leite escorrer para o nariz e contaminar o ouvido. O crescimento exagerado da adenóide também pode causar a otite média, ao tampar a tuba auditiva. Para resolver esse problema é preciso cirurgia.
Por outro lado, a otite externa é a vilã do verão. Os banhos de piscina ou mar, tão bons para aplacar o calor de 30C, são inimigos dos ouvidos. Isso porque o excesso de água dissolve a cera que funciona como protetora contra bactérias e fungos. Desprotegido, o ouvido é atacado por microorganismos e ocorre uma infecção.
"A otite externa aumenta porque essa época tem os fatores que favorecem a infecção no ouvido: calor, contato com a água e excesso de manipulação. Ocorrem até três vezes mais casos nessa época", diz Yotaka Fukuda, professor livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Os especialistas são unânimes em apontar um outro inimigo dos ouvidos: o cotonete. Segundo eles, além de retirar a cera protetora e causar fissuras que aumentam as chances de uma infecção, há o risco de perfuração do tímpano. "O cotonete foi feito para limpar nariz de criança nos Estados Unidos. O brasileiro pegou o costume de enfiar no ouvido. A orelha você limpa até com caco de telha, mas no canal do ouvido não se mexe", diz o professor da Unifesp e otorrinolaringologista do Cema Paulo Emmanuel Riskalla.
A doença pode causar problemas graves especialmente em diabéticos, quando agentes de infecções mais agressivas atacam o ouvido do paciente já debilitado.
Para quem não consegue ficar longe da água o melhor é usar tampão de silicone e secar a orelha apenas com a ponta da toalha. Quando surgirem os sintomas, procure um médico. Na maior parte dos casos, o tratamento é simples, com remédios em gotas.


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