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SAÚDE/OTORRINOLARINGOLOGIA
No calor, inflamação é freqüente na parte externa do ouvido; no frio, ocorre atrás do tímpano
Otites variam de acordo com as estações do ano
CONSTANÇA TATSCH
DA REDAÇÃO
O verão chega ao fim e começam a cair os casos de otite externa, uma infecção na parte externa
do ouvido freqüente nessa época
em razão da umidade. Mas com a
chegada do outono e do inverno,
um outro tipo de doença aparece
mais: a otite média.
A infecção ocorre atrás do tímpano e acontece mais no frio porque é quando problemas como
gripe, coriza, sinusite, rinite e alergias respiratórias têm maior incidência. Do nariz atingem a tuba
auditiva e chegam ao ouvido médio. "Os processos inflamatórios e
infecciosos de via aérea pioram
nos meses de frio porque as pessoas ficam em ambientes mais fechados", diz o chefe do departamento de Otorrinolaringologia da
Unicamp, Agrício Crespo.
A doença atinge, principalmente, as crianças e pode ter outras
causas. Nos bebês que costumam
mamar deitados, há o risco de o
leite escorrer para o nariz e contaminar o ouvido. O crescimento
exagerado da adenóide também
pode causar a otite média, ao tampar a tuba auditiva. Para resolver
esse problema é preciso cirurgia.
Por outro lado, a otite externa é
a vilã do verão. Os banhos de piscina ou mar, tão bons para aplacar o calor de 30C, são inimigos
dos ouvidos. Isso porque o excesso de água dissolve a cera que funciona como protetora contra bactérias e fungos. Desprotegido, o
ouvido é atacado por microorganismos e ocorre uma infecção.
"A otite externa aumenta porque essa época tem os fatores que
favorecem a infecção no ouvido:
calor, contato com a água e excesso de manipulação. Ocorrem até
três vezes mais casos nessa época", diz Yotaka Fukuda, professor
livre-docente da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Os especialistas são unânimes
em apontar um outro inimigo dos
ouvidos: o cotonete. Segundo
eles, além de retirar a cera protetora e causar fissuras que aumentam as chances de uma infecção,
há o risco de perfuração do tímpano. "O cotonete foi feito para
limpar nariz de criança nos Estados Unidos. O brasileiro pegou o
costume de enfiar no ouvido. A
orelha você limpa até com caco de
telha, mas no canal do ouvido não
se mexe", diz o professor da Unifesp e otorrinolaringologista do
Cema Paulo Emmanuel Riskalla.
A doença pode causar problemas graves especialmente em diabéticos, quando agentes de infecções mais agressivas atacam o ouvido do paciente já debilitado.
Para quem não consegue ficar
longe da água o melhor é usar
tampão de silicone e secar a orelha apenas com a ponta da toalha.
Quando surgirem os sintomas,
procure um médico. Na maior
parte dos casos, o tratamento é
simples, com remédios em gotas.
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