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Pane e chuva provocam novo apagão aéreo
Falha técnica no Cindacta-1, de Brasília, e fechamento de Congonhas por causa da chuva atrasaram vôos em todo o país
Governo não descarta a possibilidade de incidentes terem sido causados ou apenas potencializados por controladores de tráfego
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
PATRÍCIA ZIMMERMANN
DA FOLHA ONLINE EM BRASÍLIA
Uma falha técnica no Cindacta-1 (Centro Integrado de
Defesa e Controle do Tráfego
Aéreo), em Brasília, agravou a
crise gerada ontem em Congonhas por conta das fortes chuvas que atingiram São Paulo, e
os dois fatores provocaram
atrasos e um novo caos nos
principais aeroportos do país.
O governo não descarta a
possibilidade de os incidentes
terem sido provocados ou potencializados por controladores de vôo, que reivindicam a
desmilitarização do setor e já
fizeram operação-padrão em
2006. A crise de ontem ocorreu
dois dias depois do anúncio da
desmilitarização na Argentina.
"Não tenho como confirmar
nem como desmentir", disse o
presidente da Infraero (responsável pela infra-estrutura
dos aeroportos), brigadeiro José Carlos Pereira, ao saber que
um piloto da TAM anunciou
aos passageiros de um vôo Manaus-Brasília, pelo sistema de
som do avião, que o problema
era gerado por controladores.
A companhia aérea tinha no
começo da noite de ontem 46%
de seus vôos domésticos com
atraso superior a 31 minutos.
Pereira viaja hoje a São Paulo
para se reunir com o prefeito
Gilberto Kassab (PFL) para
tratar dos problemas e das reformas em Congonhas, que ficou fechado por mais de uma
hora e meia no início da manhã
de ontem devido ao acúmulo de
água da chuva na pista e voltou
a fechar por volta das 10h, por
causa da falha do Cindacta-1.
Na mesma hora foram suspensas as operações no Sudeste
e no Centro-Oeste, controlados
pelo Cindacta-1. Os resultados
foram atrasos em cadeia ao longo do dia. Em Brasília, todos os
81 vôos atrasaram -em um,
com destino a Fortaleza, a espera foi de seis horas. Passageiros eram orientados a remarcar
o bilhete para o dia seguinte.
Segundo nota da Aeronáutica, a falha ocorreu no software
do Cindacta-1 e durou sete minutos, mas o Ministério da Defesa foi informado de que pode
ter chegado a até 20 minutos.
Havia divergências quanto
ao prazo para normalizar as
operações. A Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) informou à Infraero que seria às
22h30, mas a previsão da estatal era que a situação só ficaria
sob controle à 1h de hoje.
A pane foi no servidor usado
para acompanhar a seqüência
de autorizações dos planos de
vôos, que são repassadas aos
centros de controle pelas companhias. Diante do problema,
os controladores decidiram
ampliar o espaçamento entre
as decolagens. O tempo padrão
entre uma decolagem e outra é
entre três e cinco minutos. Ontem, foi ampliado para até 30
minutos por causa da pane.
O procedimento suspendeu
as decolagens sob responsabilidade do Cindacta-1 por até 45
minutos. Em nota, o ministério
disse que, no período da falha, o
sistema "funcionou com mecanismos manuais".
A nova crise de aeroportos
vem numa seqüência iniciada
com a queda do Boeing da Gol,
em setembro, que deflagrou
operações-padrões de controladores de vôo pela desmilitarização e por melhores salários.
Desde então, já houve pelo
menos duas panes: em 5 de dezembro, uma falha no sistema
de rádio do Cindacta-1, afetando Brasília, Congonhas e Belo
Horizonte; seis dias depois,
uma queda de energia no Cindacta-2, com sede em Curitiba,
afetando aeroportos do Sul.
Colaboraram ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local, e a Agência Folha
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