São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Pane e chuva provocam novo apagão aéreo

Falha técnica no Cindacta-1, de Brasília, e fechamento de Congonhas por causa da chuva atrasaram vôos em todo o país

Governo não descarta a possibilidade de incidentes terem sido causados ou apenas potencializados por controladores de tráfego

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

PATRÍCIA ZIMMERMANN
DA FOLHA ONLINE EM BRASÍLIA

Uma falha técnica no Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa e Controle do Tráfego Aéreo), em Brasília, agravou a crise gerada ontem em Congonhas por conta das fortes chuvas que atingiram São Paulo, e os dois fatores provocaram atrasos e um novo caos nos principais aeroportos do país. O governo não descarta a possibilidade de os incidentes terem sido provocados ou potencializados por controladores de vôo, que reivindicam a desmilitarização do setor e já fizeram operação-padrão em 2006. A crise de ontem ocorreu dois dias depois do anúncio da desmilitarização na Argentina.
"Não tenho como confirmar nem como desmentir", disse o presidente da Infraero (responsável pela infra-estrutura dos aeroportos), brigadeiro José Carlos Pereira, ao saber que um piloto da TAM anunciou aos passageiros de um vôo Manaus-Brasília, pelo sistema de som do avião, que o problema era gerado por controladores.
A companhia aérea tinha no começo da noite de ontem 46% de seus vôos domésticos com atraso superior a 31 minutos. Pereira viaja hoje a São Paulo para se reunir com o prefeito Gilberto Kassab (PFL) para tratar dos problemas e das reformas em Congonhas, que ficou fechado por mais de uma hora e meia no início da manhã de ontem devido ao acúmulo de água da chuva na pista e voltou a fechar por volta das 10h, por causa da falha do Cindacta-1.
Na mesma hora foram suspensas as operações no Sudeste e no Centro-Oeste, controlados pelo Cindacta-1. Os resultados foram atrasos em cadeia ao longo do dia. Em Brasília, todos os 81 vôos atrasaram -em um, com destino a Fortaleza, a espera foi de seis horas. Passageiros eram orientados a remarcar o bilhete para o dia seguinte. Segundo nota da Aeronáutica, a falha ocorreu no software do Cindacta-1 e durou sete minutos, mas o Ministério da Defesa foi informado de que pode ter chegado a até 20 minutos.
Havia divergências quanto ao prazo para normalizar as operações. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou à Infraero que seria às 22h30, mas a previsão da estatal era que a situação só ficaria sob controle à 1h de hoje. A pane foi no servidor usado para acompanhar a seqüência de autorizações dos planos de vôos, que são repassadas aos centros de controle pelas companhias. Diante do problema, os controladores decidiram ampliar o espaçamento entre as decolagens. O tempo padrão entre uma decolagem e outra é entre três e cinco minutos. Ontem, foi ampliado para até 30 minutos por causa da pane.
O procedimento suspendeu as decolagens sob responsabilidade do Cindacta-1 por até 45 minutos. Em nota, o ministério disse que, no período da falha, o sistema "funcionou com mecanismos manuais". A nova crise de aeroportos vem numa seqüência iniciada com a queda do Boeing da Gol, em setembro, que deflagrou operações-padrões de controladores de vôo pela desmilitarização e por melhores salários. Desde então, já houve pelo menos duas panes: em 5 de dezembro, uma falha no sistema de rádio do Cindacta-1, afetando Brasília, Congonhas e Belo Horizonte; seis dias depois, uma queda de energia no Cindacta-2, com sede em Curitiba, afetando aeroportos do Sul.


Colaboraram ALENCAR IZIDORO, da Reportagem Local, e a Agência Folha


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