São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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a favor

Para professor, universidade precisa intervir

DA REPORTAGEM LOCAL

Favorável às cotas, José Jorge de Carvalho, professor do departamento de antropologia da UnB (Universidade de Brasília), diz que a falta de comunicação entre universidade e cotista pode explicar a sobra de vagas.

 

FOLHA - Como o sr. avalia o fato de importantes universidades não conseguirem preencher todas as vagas para cotistas?
JOSÉ JORGE DE CARVALHO
- É importante saber em que cursos estão sobrando as vagas.

FOLHA - Isso não mostra que o sistema precisa ser revisto?
CARVALHO
- Sou a favor das cotas, propus o sistema na UnB. Isso não invalida o sistema. Mostra que a universidade deve refletir e intervir.

FOLHA - De que maneira deve ser feita essa intervenção?
CARVALHO
- Melhorando a comunicação entre a universidade e a região onde está. A UnB, por exemplo, está em área elitizada. Muitos dos estudantes para quem são as cotas não moram no Plano Piloto. Falta sintonia entre universidades, que sempre foram elitistas, e cotistas, que ficam nas periferias. As cotas são a única garantia de que um contingente expressivo de negros terá chance de fazer curso superior.

FOLHA - E no caso da Uerj, em que cerca de 1.100 vagas para cotas não são preenchidas?
CARVALHO
- Acredito que estipular uma renda familiar per capita máxima [no caso da Uerj, é de R$ 630] não funciona porque pode acontecer de o negro continuar de fora. A pessoa com essa renda pode nem ter conseguido concluir o ensino médio. É preciso definir para quem devem ir as cotas, para negros ou para a coletividade.

FOLHA - Esses dados trazem algum alerta para todas as universidades que instituem cotas?
CARVALHO
- Passamos por um momento de adaptação de implementação. Ainda é preciso formar uma geração de profissionais negros para saber o resultado das cotas.


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