São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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Perito aponta erro na execução de obra

da Sucursal do Rio

O perito Hugo Campos, um dos responsáveis pelo laudo criminal sobre as causas do desabamento do Palace 2, disse que "está evidente que houve erro na execução da obra do edifício".
Em quatro pilares de sustentação foram encontrados pedaços de madeira, sacos de cimento, plásticos e jornal misturados ao concreto. Campos não quis adiantar o resultado das análises do cálculo estrutural do prédio, mas disse que se trata de uma construção "ousada", que, para resistir, necessitaria no mínimo de uma execução perfeita. A construtora Sersan alega que houve erro no cálculo estrutural, e não na execução da obra.
Técnicos do INT (Instituto Nacional de Tecnologia) recolhem amostras dos quatro pilares que puderam ser identificados (4a, 17a, 35a e 44a). Essas amostras serão analisadas em laboratórios a partir da próxima semana.
A previsão é que em 15 dias o laudo criminal esteja pronto, segundo o ICCE (Instituto de Criminalística Calos Éboli). O delegado Carlos Alberto Nunes Pinto, responsável pelo inquérito, voltou a afirmar que só espera o resultado desse laudo para iniciar a indiciação dos responsáveis pela obra.
O Palace 2 desabou parcialmente no dia 22 de fevereiro, causando a morte de oito pessoas, e teve de ser implodido seis dias depois.
No pilar 17A, apontado como o que causou o desabamento, foram encontrados outros problemas. Parte de sua ferragem está pintada, e o técnico do INT José Roberto Albuquerque suspeita que a tinta, possivelmente zarcão, tenha sido usada para evitar a corrosão.
"Ainda dependemos dos exames laboratoriais, mas posso dizer que, se alguém tentou recuperar esse pilar, não usou técnicas adequadas", disse ele. O revestimento dessa parte "recuperada" do pilar foi feita com argamassa, quando deveria ter sido feita com concreto, segundo Albuquerque.
Ganchos de ferro que deveriam envolver a armadura dos pilares e constavam da planta estrutural não foram encontrados.
A defesa jurídica da Sersan vai sustentar que o desabamento foi causado por erro nos cálculos estruturais de dois pilares. Autor do projeto estrutural, o engenheiro civil José Roberto Chendes disse, em depoimento à polícia, que não houve erro nos cálculos.



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