São Paulo, quinta, 19 de março de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
Indicação de secretários e definição de prioridades do município são feitas por Paulo Maluf e pelo PFL
Pitta vira coadjuvante na Prefeitura de SP

Ormuzd Alves/Folha Imagem
Manifestantes do lado de fora da Prefeitura durante a posse dos novos secretários municipais de São Paulo


MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
CARLOS MAGNO DE NARDI
da Reportagem Local

A festa de desagravo à administração Celso Pitta (PPB), armada ontem na prefeitura para a posse de cinco novos secretários municipais, marcou o desembarque dos pefelistas em São Paulo, com o aval de Paulo Maluf (PPB), e uma ruptura definitiva com a linha de governo adotada até então.
A imposição de nomes para o secretariado, para dividir com o prefeito a administração municipal, e a busca de pessoas com bom trânsito na mídia para tentar emprestar algum carisma e empatia à gestão municipal, deixam claros o esvaziamento do poder de Pitta.
Todas as articulações para o novo secretariado foram feitas por Maluf ou pela cúpula nacional do PFL. Pitta acabou apenas avalizando as indicações.
Até mesmo a nomeação da nova secretária de Educação, feita às pressas anteontem, foi articulada por Maluf, que queria um técnico de renome para ocupar a pasta em substituição ao deputado federal pefelista Ayres da Cunha.
O novo secretário do Planejamento, Guilherme Afif Domingos, não esconde que assume o cargo com a função de coordenar as ações de Pitta.
Afif disse ainda que suas novas atribuições não serão prejudicadas com a tentativa de esvaziamento do poder de sua pasta, com a transferência da verba de publicidade para a Secretaria da Comunicação Social e de mecanismos de alteração da lei de zoneamento da cidade para os vereadores.
"Quanto mais leve você fica, maior a capacidade de trânsito para coordenar junto ao prefeito a ação de todas as secretarias", disse Afif. "Essa é a visão da Secretaria do Planejamento, que não pode ter uma função vertical, não pode ter uma função específica, mas deve atuar em todas as áreas".
Afif disse ainda que pela primeira vez na história há um ato de solidariedade com o município de São Paulo, que precisa de auxílio. Pitta tentou minimizar o impacto da declaração.
"Eu discordo dessa idéia que se tenta passar, de operação salvamento, ou de mudanças de rumo na prefeitura", afirma o prefeito. "O que se fez foi uma mudança no próprio espaço político anteriormente ocupado pelo PFL, por pessoas indicadas pelo partido."
Pitta afirma que até mesmo a chegada de Guilherme Afif Domingos, imposta por Maluf após acordo com a cúpula nacional do PFL, foi bem recebida por fazer parte de um "compromisso" assumido desde a coligação firmada na campanha eleitoral de 96.
"A nomeação foi decidida nas conversações entre Maluf e o PFL, mas antes de o convite ser levado para o Afif Domingos eu fui consultado", afirma.
"Eu insisto: não adianta qualquer tentativa de intrigar mim e Paulo Maluf. É absoluta perda de tempo. As tentativas se repetem monotonamente. É eu e Paulo Maluf em conflito. É eu e o governador Covas em conflito. É eu e a Câmara Municipal em conflito", disse Pitta em tom alterado, atropelando a língua portuguesa.
As articulações de Maluf em conjunto com o PFL foram feitas em função do impacto negativo que a imagem da administração Celso Pitta tem sobre sua candidatura ao governo do Estado.
"Eu discordo dessa idéia que se tenta passar, de operação salvamento, ou de mudanças de rumo na prefeitura", afirma o prefeito. "O que se fez foi uma mudança no próprio espaço político anteriormente ocupado pelo PFL, por pessoas indicadas pelo partido."
Pitta afirma que até mesmo a chegada de Guilherme Afif Domingos, imposta por Maluf após acordo com a cúpula nacional do PFL, foi bem recebida por fazer parte de um "compromisso" assumido desde a coligação firmada na campanha eleitoral de 96.
"A nomeação foi decidida nas conversações entre Maluf e o PFL, mas antes de o convite ser levado para o Afif Domingos eu fui consultado", afirma.



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