São Paulo, sexta-feira, 19 de maio de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BATALHA NA PAULISTA /GOVERNO
Petrelluzzi diz ter dado ordem para que a polícia "não tolere bloqueios" na avenida
PM agiu com bom senso, diz secretário

DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Marco Vinicio Petrelluzzi, disse ontem que a polícia ""agiu com bom senso até o limite do razoável" ao reprimir o protesto dos servidores estaduais, metroviários, professores e estudantes na avenida Paulista.
""Do que vi pela TV, a ação da tropa de choque foi adequada. Quando houver outra manifestação desse tipo, a polícia irá agir da mesma forma", afirmou.
Segundo o secretário, a cidade de São Paulo não pode suportar a paralisação de uma via da avenida, nos dois sentidos, que serve como um dos principais corredores do trânsito e dá acesso a pelo menos 20 hospitais na área central da cidade.
Para Petrelluzzi, a PM agiu em defesa dos direitos dos outros paulistanos que não participavam do ato. ""Há uma ordem genérica dada por mim, que não se tolere bloqueios nas duas vias."
Ele afirmou que os manifestantes descumpriram o compromisso que haviam assumido antes do protesto, de não interditar toda a avenida. De acordo com o secretário, o ato poderia ser realizado normalmente, mas desde que uma das pistas ficasse liberada para o tráfego de veículos.
""A polícia só usou da força porque os manifestantes descumpriram o que estava combinado."

Expectativa
A secretaria e a PM esperavam um ato tranquilo. Prova disso é que foram surpreendidos pelo confronto na avenida.
O uso de bombas de efeito moral - causam barulho-, gás e balas de borracha, segundo o secretário, são as armas de ""impacto" necessárias para conter um tumulto dessas proporções.
""Se a tropa de choque existe, é porque admitimos que, às vezes, a polícia tem de usar a força para resolver determinados conflitos."

Incidente
Petrelluzzi considerou um incidente o fato de um fotógrafo que acompanhava o protesto para o jornal ""Agora São Paulo" ter se ferido na cabeça durante o confronto. ""Mesmo se o policial tivesse má pontaria, dificilmente faria isso. Quando se está em uma cobertura dessa, isso eventualmente pode ocorrer", disse o secretário.
Ele pediu que as pessoas refletissem sobre os dois lados do confronto antes de tomar partido. Segundo o secretário, as próprias lideranças do ato tentaram conter a batalha usando o caminhão de som do ato.

Governo
O pronunciamento do secretário foi a única resposta do governo à manifestação dos servidores estaduais da educação e da saúde, que estão em greve. O governador Mário Covas (PSDB), por meio de sua assessoria, informou que não iria se manifestar.
Ele esteve em Campinas, no interior do Estado, onde criticou a greve dos servidores. ""Faz cinco anos que não havia greve na educação. Coincidentemente acontece neste ano, que é de eleição", disse Covas pela manhã, antes do confronto na capital.
À tarde, Covas ficou em seu gabinete despachando e recebendo as informações da confusão na avenida Paulista. Apesar dos pedidos de entrevista, sua assessoria informou que ele não iria comentar o confronto entre servidores e policiais. O secretário da Segurança Pública é quem falaria em nome do governo.

Pedido
No que depender do governador, a greve dos servidores estaduais está longe do final. Pelo menos foi o que ficou claro em seu discurso em Campinas, ontem.
Segundo Covas, os professores e funcionários da Secretaria de Estado da Educação tiveram seis ou sete aumentos em seu governo, o que representaria aumento superior a 130%. Em alguns casos, segundo ele, o reajuste chegou a 220%. A categoria questiona esses dados e promete manter a paralisação por tempo indeterminado.
Em relação ao pedido de reajuste de 54% dos servidores da área da Saúde, disse que não atende. ""Imagina, 54% de aumento, dá R$ 1,9 bilhão, que é quase um mês e meio de arrecadação de ICMS", disse o governador.


Texto Anterior: Fotógrafo é ferido em protesto
Próximo Texto: CET vai pedir indenização por estragos causados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.