São Paulo, domingo, 19 de maio de 2002

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CIDADANIA

Reações variaram de repúdios a declarações contra o homossexualismo; projeto de lei tramita há mais de seis anos

Apoio de FHC à união gay causa protestos

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A imagem do presidente Fernando Henrique Cardoso segurando a bandeira arco-íris e pedindo a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo -o casamento gay-, em solenidade realizada segunda-feira passada no Palácio do Planalto, gerou protestos fervorosos na Câmara.
As reações variaram de repúdios a declarações contra o homossexualismo. O projeto de lei, proposto pela então deputada Marta Suplicy (PT-SP), tramita há mais de seis anos na Casa.
Na terça-feira, o deputado Jair Bolsonaro (PPB-RJ), capitão da reserva do Exército, colocou a foto de FHC segurando a bandeira gay na porta de seu gabinete, com a frase: "Eu já sabia...".
Questionado, Bolsonaro não quis revelar como termina a frase. "O objetivo é tirar sarro", disse, sem conter a risada. "Não vou combater nem discriminar, mas, se eu vir dois homens se beijando na rua, vou bater."
Em plenário, o deputado Euler Morais (PMDB-GO) pediu que os evangélicos retirem o apoio ao presidenciável tucano, José Serra.
Segundo ele, aprovar o casamento gay é a "institucionalizar o perverso, a corrupção, a imoralidade, a vergonha e a nudez".
"Se o homossexualismo se alastrar, teremos uma sociedade doentia", afirmou Morais.
Para o deputado Severino Cavalcanti (PPB-PE), líder de movimento contra o casamento gay, FHC "investe na destruição da família brasileira, patrocinando o casamento entre homossexuais e defendendo a prostituição".

Conduta indecorosa
As reações dos deputados não passaram despercebidas. Um assessor parlamentar, homossexual, já pediu providências da presidência da Câmara.
O regimento interno dos deputados define como conduta indecorosa o uso de "expressões que configurem crime contra a honra ou contenham incitamento à prática de crimes".
Osmar Gomes, autor da petição, também escreveu ao presidente da República para avisar sobre o "pôster" de Bolsonaro. "Trata-se de uma afronta", escreveu.
De acordo com Adenilton Gomes, do GGB (Grupo Gay da Bahia), as declarações dos deputados demonstram homofobia e preconceito. "A união civil é uma questão de cidadania", disse.
De acordo com Paulo Sérgio Pinheiro, secretário nacional de Direitos Humanos, a união civil é uma reivindicação de uma parcela da sociedade e merece ser analisada de forma democrática.


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